terça-feira, outubro 31, 2023

Terça, 31.

Não estou de acordo com António Barreto em muitas das afirmações que ele fez sábado passado na sua página do Público sobre a “frase infeliz” de Guterres e a guerra israelo-palestiniana. Suponho que o secretário-geral da ONU, foi suficiente claro quando no preâmbulo afirmou a condenação inequívoca pela a morte e retenção de reféns israelitas. Depois, contextualizou o acontecimento, e disse o que toda a gente vai dizendo em manifestações por todo o mundo: o exagero e ódio pelas mortes inocentes de palestinianos. Aquele horror, mais não é que a vingança do HAMAS por tudo quanto o povo palestiniano tem sofrido durante meio século, às mãos de um país que o subjugou pela força, a pobreza, o subdesenvolvimento e a prisão a céu aberto. Sucessivos governos israelitas, fizeram tudo para marginalizar e desprezar os dois milhões de humanos retidos naquela língua de terra que sempre foi sua. Mais adiante: “O massacre de 7 de Outubro não tem justificação nem desculpa. É um acto de pura agressão e de mortandade. Como tal tem de ser julgado. A responsabilidade não é de 100 anos de pobreza palestiniana, nem de 50 de colonatos. É, sim, das escolhas e das decisões dos dirigentes do HAMAS e dos seus aliados.” Dá para entender? Não dá. Então e quando, anos a fio, Israel foi construindo colonatos, isto é, foi dominando território que não lhe pertencia, sempre em escaramuças com os palestinianos, barrando-lhes o caminho, retendo-os em pequenas prisões como as que existem na Cisjordânia e que tanta chatice causaram já no tempo de Arafat! António Barreto barricou-se numa fórmula muito simples que sustenta a sua argumentação: a democracia. “Israel está mais do lado da liberdade e da democracia do que os outros países seus rivais, adversários e inimigos.” É verdade. Todavia, não há comparação possível, porque eles não são nem nunca foram uma democracia. Como a Rússia, a China, a Coreia do Norte, Síria, Irão e alguns mais não são. E que os próprios israelitas, muitas vezes, puseram em dúvida a liberdade que os seus governos, sobretudo, o de Bibi lhes roubaram e onde a supremacia da religião se sobrepôs ao Estado. Só espero que depois desta chacina, ainda restem palestinianos suficientes para viverem com dignidade  e liberdade, num Estado livre e soberano, numa terra que os seus antepassados palmearam e os seus vindouros possam habitar com tranquilidade e progresso. Como nota final: se querem destituir António Guterres, comecem pelo seu primeiro-ministro Benjamim Netanyahu. E se querem perceber que tipo de democracia e liberdade se pratica em Israel, leiam o artigo de Bárbara Reis e têm o “retrato da democracia liberal de Israel em dez miniaturas”. 

         - Entretanto, por cá, desceram às ruas uns quantos cidadãos capitaneados pelo PCP e BE. Gritam pela paz, a mesma paz que eles desejam para a Ucrânia, isto é, que o HAMAS continue a utilizar os inocentes como carne para canhão. A exemplo do que faz Putin com os mancebos russos.  

         - O país dourado do patrão António Costa, fez greve nacional da função pública a que se juntaram os médicos, agora os enfermeiros, como se o SNS criado pelo socialista (quando os havia e bons e honestos e devotados à causa pública) Dr. Arnaud esteja moribundo e ninguém interessado em o tratar. São impressionantes os oito anos de governação Costa! Tudo ruiu, ficou pobretanas, medíocre, estudado por baixo, ao nível da pobreza salazarista, com propaganda grosseira, tratando os portugueses por imbecis e mentecaptos e o dinheiro dos nossos insuportáveis impostos despachado à frente das ideologias, malbarato em negociatas que um dia se saberá a quem beneficiaram.  

         - Ontem, diz a imprensa e a televisão, o sindicato dos médicos esteve até às duas da madrugada a discutir com o ministro como sair do impasse que opõe um e outro e já dura há vários meses com prejuízos para os utentes. Eu gostava de ser mosca para ver como se desenrolam aquelas torturas palradoras. Os médicos querem 30% de aumento salarial, recusam fazer 40 horas semanais de trabalho, enquanto os seus concidadãos vivem com reformas miseráveis, ordenados míseros, os aumentos propostos são na ordem de 3% e laboram 40 horas semanais sem apelo nem agravo. Este alheamento de quem não olha para o lado e pretende seguir em frente indiferente ao que se passa à sua volta, é revoltante. Como é revoltante a disparidade de mordomias e salários entre os radicais partidários - deputados, ministros, secretários, gestores – num país pobre, distraído de propósito com o futebol, e grato pelas esmolas que os socialista inventaram para terem o povo humilhado na mão. 

         - Reli e corrigi as primeiras 10 páginas da primeira parte do romance. A partir da quinta página, a história parece ter entrado nos carris romanescos e lê-se em corrido, sem esforço, como quem ouve uma narrativa verdadeira. Talvez refaça o começo de forma a imprimir o ritmo que julgo existir mais adiante. 

         - Ontem fui encontrar-me com o João e demais habitués na Brasileira. João deu-me a ler o artigo do Expresso sobre a Teresa Magalhães e o Alexandre mostrou-nos um vídeo do grupo de colegas do filho, músicos, que à noite, na basílica da Estrela, tocaram uma peça de Bach em honra da mãe. Eu saí muito antes ignorando o acontecimento. Sim, foi bonito, não há dúvida. Mas mais bonito teria sido se eu tivesse visto no lar onde a pintora esteve em sofrimento quase todo este ano, a levar-lhe carinho e palavras de consolação. Eu ia lá praticamente todas as semanas, e nunca vi uma alma no quarto onde Teresa estava desfeita em sofrimento. Ali, evidentemente, tratava-se de um acto social e, portanto, de supremo cinismo. Que Deus te tenha, Teresa. Agora és senhora de tudo a que nunca tiveste acesso. 

         - Apanhei o resto das romãs de todas as árvores. A última chuva apodreceu algumas. As oliveiras não podem, derreadas, de tanta azeitona – um crime estimulado pela nossa protectora UE.