domingo, outubro 22, 2023

Domingo, 22.

Fui assistir à missa na igreja do Bonfim, em Setúbal, pela Teresa Magalhães. O pequeno e belo templo estava composto, mas sem os fiéis de um domingo normal, devido talvez ao tempo desagradável. Ontem, reclinei-me em modesta oração diante do seu corpo e devo ter sido o único, esperando assim que tenha sido ouvido. Porque os que apareceram não vieram por ela, mas por eles próprios. O brouhaha na entrada e mesmo dentro da capela, era contínuo. Como se se tratasse de um acontecimento mundano a que acorrem artistas, músicos, deputados, estilistas e eis-ministros. Assim que pude, debandei. Aquele não é o meu mundo, e não são os meus amigos. Burrrr! Antes morrer só.   

         - Ontem no mercado dos pequenos agricultores, refilei com a minha vendedeira habitual por vender o alho a 6 euros o quilo! Costa diz que o custo de vida desceu porque, qual excelência internacional, não vai às compras como o comum dos mortais. Então ela, atira: “Não se lamente porque você é rico. – Já me contou o dinheiro? – Nem preciso, basta olhar para si. – Como assim, insisto. – Você tem bom ar de pessoa rica.”

         - A carteira é o único objecto que cobre a nudez do corpo nas sociedades de consumo.

         - “A democracia está coxa com a actual abstenção” - diz Ferro Rodrigues. Dito de outro modo, as pessoas que sofrem deste mal são incapazes e diminuídas. Se sua excelência me permite, esta comparação é idiota e ofensiva. Mas vinda de um socialista, não me admira. O seu camarada François Hollande, disse algo no género: “Os pobres são todos uns desdentados.” É o habitual desprezo socialista pelas pessoas, como se pode confrontar com aquela de António Costa taxar os automóveis dos pobres. (A propósito, um leitor mandou-me a petição sobre o assunto que eu não pude assinar, porque havia uma excessiva intromissão na minha vida pessoal.)

         - Vivemos num mundo onde a liberdade de criticar e comentar está a pouco e pouco a ser condenada. Olhe-se o caso do director irlandês da Web Summit, Paddy Cosgrave. O homem disse aquilo que eu digo: “Os crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, devem ser denunciados pelo que são.” Referia-se ao conflito israelo-palestiniano. Verdade, verdadeira. Só que os EUA capitaneiam a opinião pública e os povos não foram ensinados a pensar - tendem a seguir os ditos arautos da liberdade. O acontecimento desenrola-se em Lisboa, mas os acólitos do costume: Amazon, Google, Meta (do Facebook), Instagram e WhatsApp cancelaram a presença. Tão democratas!