sexta-feira, outubro 13, 2023

Sexta, 13.

Está iminente o massacre aos palestinianos. Um dos dois milhões que vivem na Faixa de Gaza, foram obrigados a deixar tudo para trás e fugir à fúria dos israelitas que ameaçam não deixar pedra sobre pedra. É revoltante que a comunidade internacional permita se faça do território autónomo que, portanto, nunca gozou de autonomia, liberdade e desenvolvimento, um espectáculo de ódio e morte. Não apoio o HAMAS na forma como invadiu Israel e liquidou sem contemplação centenas de jovens que se divertiam num festival de música e nem idade tinham para pegar em armas. Mas estou humanamente contra o desnível de poder exercido sobre a multidão de jovens que vegeta em Gaza. Mesmo que Telavive consiga liquidar todos os líderes do HAMAS, outros viram substitui-los. Porque o problema nasceu da situação do enclave e na forma como Israel trata os seus habitantes. Mais de meio século não foi suficiente para negociar uma qualquer forma de convívio entre as duas nações e o resultado está à vista e são os inocentes mais uma vez que vão pagar pelos desvarios e interesses das nações poderosas. Foi Israel que fermentou a ira com a sua política de desprezo. Quem não se lembra da guerra que os pobres e infelizes palestinianos travaram contra o exército israelita: de um lado tiros de metralhadora; do outro a defesa com pedras. O que se vê pelas imagens são destroços, tudo reduzido a entulho. Os mais de cem milhões de ajuda para a construção de hospitais, escolas, universidades, vencimentos aos funcionários concedidos pela Europa, jazem no chão feitos em nada. Espero que no final, não tenhamos de lamentar uma acção de puro genocídio. Para tristeza, a propaganda ocidental ligada à de Israel, só dá imagens e informação do que se passa do lado de Telavive. E se o Líbano entrar nesta guerra? Que acontecerá ao território judaico e aos judeus que nele vivem? 

         - Tudo isto só é possível porque os interesses das grandes potências estão em linha, enredadas nos esquemas habituais, numa esfera global alimentada por uns quantos que a riqueza pessoal catapultou para postos de decisão e compadrio. A Europa e os Estados Unidos, têm sido governados por uma gente sem qualidade nem formação, colocados em postos que nos condenam a todos, pelo parasitismo dos novos-ricos que são quem dá ordens aos incompetentes e subservientes políticos. Não se vislumbra uma verdadeira personalidade de estadista, alguém com carácter, que pense e aja com a sua cabeça. Que tenha horizontes rasgados para o futuro e não a acção do imediato que acode em segundos e arrasta para a miséria por anos e anos. O logro exercido pela classe política analfabeta e alheia às aflições quotidianas dos cidadãos, alimenta e faz crescer os ditos terroristas. Eles vêm directamente do húmus que germina na sombra do ódio.  Olhe-se a situação de pobreza em que se encontram desde sempre os palestinos. Qualquer salvador da pátria que apareça colhe soldados esfarrapados, no limite de todas as descrenças e, portanto, carne para canhão. 

         - Maupassant lamenta-se: Le cul des femmes est monotone comme l´esprit des hommes”; resposta de Flaubert: “Vous vous plaignez du cul des femmes qui est “monotone”. Il y a un remède bien simple, c´est de ne pas vous en servir.” Da correspondência fascinante entre os dois homens que estou a ler com muito prazer. 

          - Ontem tive de emparar a pobre Piedade destroçada pelo neto. Este foi apanhado bêbado ao volante do carro e conduzia em velocidade excessiva. A Polícia interveio e confiscou-lhe a carta. O bisneto, de três anos, quando soube diz ao pai: “Pai, tu não voltas a ser bêbado, pois não.” Na origem dos desavindos com a companheira, está este terrível vício.