quarta-feira, outubro 18, 2023

Quarta, 18.

De súbito, sabendo a minha jovem médica que eu me dedico a escrever e a ler, diz-me de rompante: “Eu tenho pena da lacuna nessa área. Leio muito pouco. A nós, médicos, não nos ensinam os clássicos e nem somos iniciados em literatura e história.” Imediatamente uma conversa se instalou que durou mais de meia hora. Aconselhei-lhe alguns autores, um ou outro título, e saí fascinado com a minha oftalmologista Dra. Cristina Santos. E disse-lhe há muitos médicos que são grandes escritores. Lembro-me agora que ela me disse que lia Rui Tavares. Que susto! 

         - Do ministério da Saúde de Gaza, veio a notícia que morreram 471 palestinianos e centenas de outros ficaram feridos devido a ataque israelita ao hospital Árabe Al-Ahli, em Gaza. Uma contra-notícia chegou de Telavive acusando os homens do HAMAS de terem sido eles a bombardear a unidade hospitalar. A guerra também se faz de muita mentira e contra-informação. Joe Biden chegou a Israel. Corajoso homem. 

         - Almocei no C.I.. De seguida fui acomodar-me no sítio do costume para trabalhar duas horas no romance. Forma de falar. Em verdade limitei-me a percorrer as 140 páginas com o distanciamento possível, cheio de incertezas e pena de Ana Boavida. Espero que na segunda parte do livro, ela se dignifique e possa mudar... Ou não. 

         - Fui com a Piedade ao Centro de Saúde do Pinhal Novo. Devido à greve dos médicos (mais uma), o Centro estava deserto. Mesmo assim, tive de mandar calar duas negras que gritavam com a funcionária como se ela fosse a responsável por não haver clínicos. Se Costa e o seu ministro da Saúde, frequentassem estas unidades do SNS, tenho a certeza que fugiam com medo de de lá não saírem inteiros. Pelo meu lado, tenho amanhã consulta para o check-up anual. Já fui informado pelo Centro de Saúde que posso ir com confiança porque a Dra. Vera não faz greve. Ufa! Mais a mais porque nos prometem para amanhã um dia sinistro de tempestade. Já recebi dois avisos telefónicos.