terça-feira, outubro 24, 2023

Terça, 24.

Já morreram para cima de 5000 palestinianos em ataques israelitas. Destes 2100 eram crianças e 1130 mulheres e para cima de 15000 pessoas ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Do lado do HAMAS, houve ontem um gesto de humanidade a provar que os tipos não são selvagens de todo: libertaram duas senhoras idosas e doentes. Talvez estes pequenos gestos sejam os primeiros contributos para a paz. Tenhamos esperança. E façamos votos para que o fanatismo de Netanyahu não continue a expandir-se como está acontecer na Cisjordânia. Pessoalmente, tenho uma visão ambivalente sobre o conflito. Historicamente sou a favor de dois Estados independentes e não consinto que um tenha domínio sobre o outro. Admito que a agressão a Israel foi um acto terrorista, mas não me conformo com o ódio que se expandiu por todo o país contra os palestinianos que foram massacrados durante mais de meio século pelos judeus. Tenho simpatia por estes árabes abandonados à sua sorte, dominados pelo HAMAS, mortos por Israel às ordens de Benjamim Netanyahu. São mártires hoje como foram na guerra que se seguiu, ainda sob o domínio britânico, onde faleceram 700 mil palestinianos. Também não ignoro o coro de anti-semitismo que corre a Europa e só temo que volte aquele abominável slogan do período nazi: “Os judeus são os ratos da humanidade.” 

         - Maravilhoso encontro ao almoço num restaurante do Rossio com a minha amiga Maria de Lurdes. Que prazer a nossa aprazível conversa calma, reflectida, em torno da política que hoje nos governa. Os pontos em sintonia foram muitos e como ela está no mundo empresarial conclui, por arrasto, que todos os seus colegas têm a mesma forma de olhar o abismo em que mergulhámos. 

         - O Presidente da República promulgou os decretos sobre a dedicação plena dos médicos no Serviço Nacional de Saúde, assim como a criação das unidades locais de saúde. Contudo, disse que o fazia sob inúmeras “dúvidas e reticências” acerca da legislação Quando o Chefe de Estado diz ter decretado apenas para não adiar “o já atrasado”, que pensarão os clínicos e povo português. 

         - Ontem, quedamente na Fnac, revendo o final da primeira parte do romance, acrescentei mais uma página que penso dará o mote para a segunda parte no rasgo obsessivo de Ana Boavida. 

          - Fui fazer meia hora de natação. Tempo outonal. Arrebanhamento de memórias tristes, superlativos gritos surdos a lançar no espaço fermentações de amargura. Só em Deus encontramos refúgio.