sábado, outubro 21, 2023

Sábado, 21.

Ontem, naquela trapalhada da carteira deixada para trás no autocarro, tive mais uma vez o aviso que não devo abjurar dos jovens, apesar de muitos deles parecerem cretinos. Quando estava à espera do 727 que me trazia a “felicidade” de retorno, uma jovem rapariga, postada a meu lado para entrar no veiculo, quis dar-me prioridade. Disse-lhe que tinha perdido a carteira e não tinha dinheiro para pagar a viagem e estava ali a resolver o assunto. Logo a simpática disse abrindo o saco a tiracolo: “Se precisa eu pago-lhe o bilhete.” Fiquei sem fala, tolhido de comoção. 

         - Gosto, grosso modo, dos artigos de João Miguel Tavares e não resisto a transcrever este bocado de prosa saído hoje no Público. “A tragédia é esta: nunca uma sociedade profundamente dependente da redistribuição do dinheiro do Estado alguma vez se destacou pela sua dinâmica e pela capacidade de produzir riqueza. E, por isso, aquilo que António Costa alcançou é uma espécie de fórmula perfeita para a manutenção do statu quo da mediocridade. Um país responsavelmente remediado, eternamente agrilhoado à cauda da Europa, ultrapassado pela Roménia em PIB per capita, mas que se pode orgulhar de voltar a ser o bom aluno da Europa, e de até ter baixado a dívida pública da linha dos 100% do PIB.” Eu diria que a fórmula que António Costa criou, é de tal modo monstruosa que nos traz subjugados, humilhados e miseráveis, sem investimento nem estratégia, vivendo das esmolas que o poder da maioria distribui, como qualquer outro regime oligarca em que o Partido Socialista se tornou. Vivemos sob o domínio de um logro.  

         - À meia tarde, desloquei-me com o João Corregedor à Basílica da Estrela para o derradeiro adeus a nossa querida Teresa Magalhães. Que descanse em paz e a sua formidável obra artística fique a relembrá-la e a iluminar a tristeza da sua ausência. Deixei a reunião social pelas sete e acabei de chegar no comboio da noite apinhado gente.