terça-feira, outubro 10, 2023

Terça, 10.

Fui ver o filme de Woody Allen, Golpe de Sorte. É uma homenagem à França, todo ele filmado no país de Molière, falado em francês, com actores franceses, em lugares que conheço como as palmas das minhas mãos. História bem contada como é hábito do ilustre argumentista e realizador, embora me tivesse parecido que os dois intérpretes masculinos principais tenham sido mal escolhidos. Parece também um tributo à França que desde muito cedo lhe reconheceu o mérito e talento, muito antes dos seus compatriotas americanos.  

         - A pobre da minha assistente operacional Piedade (estas modernidades democráticas são intoleráveis, mas temos que nos adaptar ao ridículo de tudo e mais alguma coisa em nome da igualdade), acometida de dores de cabeça e do olho direito, levamo-la ao Centro de Saúde daqui. Um horror ao jeito de António Costa e de outros políticos não socialistas que o precederam. A clientela era tanta e a confusão idem, que optámos por a levar ao hospital de Setúbal. Aí chegados, instalou-se a revolta, com a multidão a transbordar da sala de urgências para a rua, insultos e tudo o mais que hoje enfeita o SNS. Seguimos para o Hospital da Luz no outro extremo da cidade. Acolhimento rápido, ordem, pronto socorro. Feitas as análises, o exame, o médico concluiu por  Zona, mas que devia fazer uma análise específica para se confirmar. Ali custaria 400 euros, se acrescentarmos aos quase tanto que lá ficou, estamos conversados. 

         Os comunistas e o grupo das madamas queques, dizem que o Estado desvia tanto para o sector privado, que os milhões só enriquecem o negócio da saúde que está florescente por todo o grande sector não estatal: hospitais, clinicas, médicos, consultórios, enfermeiros, laboratórios de análises, etc.. Talvez tenham razão. Mas, tal como há muitos anos o SNS se encontra, é difícil mesmo aplicando os valores astronómicos que vão para os privados, ele funcionasse sem necessidade de se socorrer dos hospitais particulares. À parte o Presidente da República que se socorre dos hospitais do SNS, todos os outros socialistas ou não, preferem o luxo da medicina privada. Excelências, por quem sois! Ouçam só mais isto que vos digo ao ouvido: é provável que nos privados, face a finitude, vocês consigam mais dois dias de vida. Aproveitem. 

         - É muito curioso e até edificante observar os primeiros-ministros e chefes de Estado da UE, sentados a uma mesa oval, depois de um magnífico repasto bem regado com o melhor vinho da região, a discutir o alargamento da União Europeia. A Ucrânia foi quem pôs em polvorosa estes senhores que adoram a vida remansosa, com tempo para visitas, um bar aqui, uma loja além, naquele ar altivo de quem é senhor de tudo e todos lhe devem vénias e favores, entre pessoas honestas, trabalhadoras, viajadas, cultas. Impõem eles a Zelensky o barramento de toda e qualquer corrupção, pois fazer parte do seu clube de gente honrada não é para qualquer. Mas depois, vai-se a ver, é raro o país que integra a União que não tenha abadas de corruptos e a corrupção não seja o pão nosso de cada dia que enche o tacho de todos. Como se chama isto? Aguenta, Helder, deixa que cada leitor murmure para si a palavra que se quer escapar da tua boca de cidadão educado.