sexta-feira, junho 03, 2022

Sexta, 3. 

Os crimes com armas de fogo, são uma espécie de marca d´água da América. Um novo atirador entrou num hospital do Oklahoma e matou pelo menos quatro pessoas dando-se de seguida a morte. O tresloucado quis atingir o médico ortopedista que o tinha operado deixando-o pior. Ontem outro atentado num cemitério. O que explica esta série de atentados? Ninguém sabe. É a sociedade num todo que está doente, embora os lobys das armas digam que são os que as utilizam para matar que padecem de males psíquicos.  

         - Todo o mundo fala do artigo do guru de economia publicado no Observador, senhor Aníbal Cavaco Silva. O homem não se conforma em ficar calado e, de quando em vez, dispara tiros em todas as direcções, não tanto para enriquecer o discurso político, mas para se vangloriar. A direita liberal rejubilou. Mas sua excelência senhor doutor, economista, professor, Presidente da República e coleccionador de presépios e cidadão pobre com mais de 10 mil de aposentação, não obstante o tanto que sua excelência fez no domínio das reformas (alteração da Constituição, Bases do Ensino, privatização dos meios de comunicação social, reforma fiscal (IRS e IRC), ufa fiquei cansado!, Portugal não deixou os dois últimos lugares na cauda da Europa. Sim, porque sua excelência, prometeu tantas vezes que o país voaria para os primeiros da UE, mas apesar de este afã reformista, quando deixou o cargo (já me ia a esquecer) de primeiro-ministro, Portugal estava exangue, com empresas a fechar em catadupa, corrupção em alta, pobreza a crescer, e ele a propagandear que “Portugal é um sucesso, está na moda.” No papel A/4, sua excelência atira-se a António Costa. Ora, como se sabe, sei quais são os defeitos do actual primeiro-ministro, conheço a sua governação ronha, deixa andar, sempre nos píncaros da propaganda, mas sei que o outro, com os meios que vieram da entrada na UE, fez muito pouco e não fez o principal: um país moderno, com a Ciência respeitada, pobreza residual, saúde para todos. Por isso, onde ele está “certo de que”, nós estamos “certos de que” não estamos com ele. Quanto a Costa, estou a ver em que param as coisas. Ele também tem uns mil milhões para reformar o país... 

         - Que raio de ideia festejar 100 dias de guerra na Ucrânia! Isto é subverter a dignidade humana, fazer dela o espectáculo que faz viver a máquina diabólica das televisões, da imprensa, da rádio e assim. “Qual é que vai ser o limite do apoio” militar americano (este português não é meu!), pergunta uma investigadora do IPRI (Instituto Português de Relações Internacionais)? Espero que continue a ser o suficiente para correr com o ditador das portas da Europa Ocidental. Estas duas semanas aproximaram a Ucrânia da tragédia, com 20% de território (número do seu Presidente) conquistado pelos russos. Avoluma-se a descrença, o pânico, a hecatombe. A UE acordou tarde e agora parece andar a passo de caracol. O Reino Unido, curiosamente, tem puxado pela sua velha aliada e os Estados Unidos querem vencer todas as batalhas. A pacatez europeia com Bruxelas à frente, vai ter que bulir ou então liquida-se. 

         - É assustador! Mais um caso da minha entourage atacado por covid-19: o escultor, desenhador e estudioso homem de arte dos século XVI ao XIX, Carlos Soares. Através dele o filho, o neto e suponho a mulher. Eu tinha esse pressentimento, porque quando o vi não gostei do que vi. Acontece que ele, a Teresa e o João estiveram a almoçar sexta-feira passada (eu não pude ir). João apareceu doente no sábado, a Teresa não sei. Entretanto, por economia, a Ministra da Saúde não disponibiliza PCRs gratuitos e não impõe máscara. Os hospitais agradecem, os doentes com doenças difíceis de suportar, também. O país olé olé com o Presidente da República à cabeça, vai entrar num período de festança. Onde já está o Reino Unido a comemorar os 70 anos de reinado de Isabel II, que o João mesmo doente se revoltava “com o dinheiro que o país gasta com o aniversário, e que eu respondi: “Incomoda-me mais os milhões que a Rússia gasta a invadir a Ucrânia e os mortos daí resultantes”. Calou-se.