quarta-feira, junho 22, 2022

Quarta, 22. 

Assim que entrei em casa vindo de Caldas da Rainha, fui mergulhar para fazer 150 metros. A água arrefeceu muito, mas eu gosto da chicotada que sinto quando entro nela. À parte isso que dizer senão que foi um prazer estar com a minha amiga de longa data, passear no seu jardim sem fim, percorrer o mercado diário no centro da cidade, conversar no salão horas a perder de vista, as refeições alongadas pelo impulso e atropelo das discussões (veremos mais tarde). Somente a leitura do livro de Jean d´Ormesson me ocupou o tempo. Um belo fresco sobre uma vida, uma época, os seus personagens, nascidos e criados com o autor, num tempo entre as duas Grandes Guerras e após a segunda numa Europa empobrecida, a refazer-se, com o cruzamento de ideologias, a tentativa de imposição marxista-leninista, a vitória de de Gaulle e por fim uns quantos anos de paz, de labor, de aperfeiçoamento da democracia até aos nossos dias, onde tudo parece estar a voltar para trás para de novo se reconstruir com sofrimento, alienação, enriquecimento de alguns, morte de milhões, e vidas exangue... 

         - Mas o mundo não pára e está agora a reconhecer os erros da globalização que nos impuseram com o propósito do equilíbrio, do bem-estar, da riqueza equitativamente distribuída a par do pleno emprego para todas as nações e continentes. Mais uma das monumentais mentiras que os lobbys paulatinamente foram alimentando os fracos e gananciosos e aéreos políticos da segunda metade do século XX aos nossos dias. Quem visivelmente lucrou, foram as multinacionais, com elas os muito ricos triplicaram, os muitos pobres quintuplicaram. Onde há riqueza excessiva, há pobreza desumana. Nunca a desigualdade foi tão acentuada, nunca o cidadão comum tão abandonado à sua sorte. Primeiro, a nossa querida União Europeia pagava para acabar com sementeiras, vitiviniculturas, etc. confiava nas boas intenções dos países da antiga Cortina de Ferro; hoje a aposta de suas excelências aí está para dar razão aqueles que pediam cautela, menos ambição, e não confiavam em países dominados por um homem só com os costados protegidos por umas quantas aberrações graduadas do Exército ou Armada. 

         - Soube-me bem ficar estes dias sem abrir o computador. O meu cérebro precisava de descansar, ter ideias todos os dias é esgotante, pensar no enredo romanesco é trabalho que não dá um minuto de sossego. Assim oxigenei os miolos e o desajuste entre mim e o tempo que me coube viver, parece que se atenuou e até já olho António Costa e a menina do BE com outro olhar. Bem sei que o primeiro labora para a sua promoção pessoal, pisca o olho aos parceiros influentes - Macron e Scholz – e o que se passa no seu país, é apenas rampa de lançamento pacóvio e provinciano para voos mais altos. Está tudo a rebentar pelas costuras, mas Costa que vive nos cumes da ambição, segue no seu delírio e quer ver-se livre de um país onde todos berram e ninguém tem razão.