domingo, junho 12, 2022

Domingo, 12.

Marcelo Rebelo de Sousa prossegue a sua viagem real. De Londres foi dar uma volta por Malta, e antes de deixar a capital londrina, visitou, imagine-se, um hospital que tem uma grande percentagem de enfermeiros portugueses ao seu serviço, isto ainda dentro do Dia de Portugal (e de mais não sei o quê). Diante de uma plateia de meninas embasbacadas, elogiou o seu trabalho, disse que o Reino Unido lhes estava grato pelo seu excelente profissionalismo, aprendido em Portugal. Sua excelência tem lata para tudo e espalhafato para muito mais. Eu esperava que alguém da assistência lhe perguntasse se sabia a razão pela qual largaram família e amigos, a sua terra e os doentes, para ir exercer num país que nada as cativa à parte o salário e as condições profissionais e estarem fartas de serem maltratadas e desprezadas pelo Estado. Ao invés, vi-as de telemóveis a tirar fotos e a fazer filmes, do presidente que vai ficar na história como sendo o das selfis. E não só: também como porta-voz do primeiro-ministro. 

         - Às seis da manhã já regava árvores e jardim, punha o robot em andamento, cumpria o programa culinário, e às nove caí, esgotado, para o lado. Dizia-me outro dia uma leitora que a descrição dos meus dias a cansam e se tivesse o meu número de telefone me pedia que parasse, suspendesse a rotina dos afazeres. É com toda a certeza uma citadina, esta minha generosa leitora. De contrário, sabia que a natureza não está dependente de arrufos existenciais, apetites ou fadigas. E já agora cara amiga, prefiro esta forma de vida, que aquela de milhares de seres circunscritos a casa, aos centros comerciais, o dia-a-dia madraço que os puxa para a morte antecipada. Mesmo a quatro patas, temos de continuar porque só assim renovamos energias e somos por inteiro abençoados pela vida. A propósito, vou fazer 300 metros de natação. Não sou o andarilho de sua excelência o Presidente da República, mas lá haverei de chegar. 

Talvez por ser domingo, Black associou-se numa prece.

         - 18 horas e dezoito minutos. Não, não consegui passar dos 220 metros. Tinha o cérebro demasiado inquieto para ler os artigos de Fr. Bento Domingues e Teresa de Sousa e ainda ouvir Brahms e Bach que com Beethoven formam o trio de compositores divinos no concerto de domingo da ARTE. Rendo-me às duas pernas do nadador que habita o Palácio de Belém (espero se tenha atirado ao Tamisa), embora magrinhas e iguais (pobrezito) não se comparam às minhas de cada nação. 

         - Espero que Chou Chou ganhe a maioria contra o pequeno ditador e falso democrata, Mélenchon. O homem é um cata-vento, um ganancioso de poder, uma personalidade extremista à boa maneira dos bolcheviques.