domingo, junho 26, 2022

Domingo, 26.

Nestes últimos dias muito ocorreu – bom e mau – à Ucrânia. Desde logo a aceitação de país candidato à União Europeia juntamente com a Moldova e a Geórgia; a perda para a Rússia de Severodonetsk; novos ataques a Kiev. Putin é um carrasco sem humanidade, apoiado por militares corruptos e dividiu todo um território para reinar. O seu Exército de efebos drogados para matar, torturar, violar mulheres, homens, jovens e crianças leva tudo barbaramente na dianteira, deixando para trás cidades, vilas e aldeias reduzidas a escombros onde a morte passeia orgulhosa no vazio levantado dos desertos de dor e sofrimento, desalento e assombração. Se a moda da recuperação de impérios pega, temos a Espanha a invadir Portugal, a Áustria a restaurar o Império Austro-Húngaro, a Turquia o Império Otomano e por aí fora. Não sei que vantagens imediatas tira a Ucrânia deste gesto para além das políticas. Estou com António Costa que melhor seria apoiar Zelensky com armamento e outras necessidades. E espero não dar razão ao primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, quando diz que este é um mero acto simbólico.  

         - A esquerda com aquelas tontas meninas do BE à frente, detesta a vida. A ideologia deve passar por cima dos mortos e espezinhá-los até se transformarem em pó. Sem metas concretas que levem o país para rumos dignos e progressivos, ajustados às realidades palpáveis dos cidadãos, antes ou depois do “direito” ao aborto, o povo vai também ter “direito” à morte assistida. É isto que se discute agora no Parlamento. Um projecto das madamas, nos princípios igual ao do PS e PAN, com a feliz recusa do PCP e de outros partidos, as combativas guerreiras da morte, têm pela frente a Ordem dos Médicos na pessoa equilibrada do seu bastonário, Miguel Guimarães. Diz o ilustre médico: “matar o doente a seu pedido, por administração de uma injecção facultando um fármaco com a intenção de matar, são práticas que não se enquadram no exercício da medicina”. E prossegue na extensa carta do Concelho Nacional da OM: “O código deontológico dos médicos que estipula que ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, a eutanásia e a distanásia.” Depois invoca a Constituição: “todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias.” A este parecer, juntou-se o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e a Ordem dos Psicólogos. Haja alguém que ponha na ordem um rebanho de meninas e meninos que o povo reduziu a uns escassos cinco cangalheiros.  

         - A força dos sindicatos em Portugal é tal, que se permitem afrontar o poder legalmente instituído pelo voto popular e quando não obtêm o que sonham ou impõem, ameaçam os governantes com o tribunal. É o que faz o SEF que depois de matar, ferir e humilhar os migrantes que se acolhem no nosso país, afrontam o sólido e enfim capaz ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, por ter elaborado um esquema funcional para o aeroporto de Lisboa, onde os visitantes têm sido tratados por aqueles senhores como gado.  “Uma falha mais no SEF levará à substituição imediata do responsável” avisou há uma semana o corajoso governante. 

         - Tenho languescido todos estes dias. Uma espécie de entrave à alegria, ao impulso criador, às noites dormidas sem interrupção, ao prazer de ser quem sou com defeitos e qualidades, detém-me à porta do desespero. De certo a guerra, o falecimento da minha irmã, talvez a velhice que se instala a pouco e pouco, o muito trabalho que aqui não finda nunca, ligado à inquietação existencial, que lassa tudo e reduz os dias a apatia soturna.