sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Sexta, 25.

Os soldados russos entraram na capital da Ucrânia. Vieram tocados e em obediência ao ditador que botou discurso antes da partida. Putin, nessa mensagem para os seus concidadãos e para o exterior, excedeu-se a falar da Europa do após Segunda Grande Guerra. Falou de “desnatizar” a Ucrânia e defender o povo vítima de “genocídio”. À ignorância histórica do senhor da Rússia, respondeu (em russo) o Presidente Volodomir Zelenskij: “Como pode um povo que perdeu mais de oito milhões de vidas na vitória contra o nazismo? Como posso eu ser nazi (ele é judeu)? Digam isso ao meu avô, que fez toda a guerra na infantaria do Exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia independente.” Apetecia-me acrescentar muito mais sobre o assunto, mas não quero tirar a eloquência, a verdade pura e límpida, às palavras de Zelenskij que dá a vida pelo seu povo em condições humilhantes, tendo em conta as tropas e material de guerra dos sociais fascistas, que mataram já para cima de cem pessoas e mais de 100 mil fugiram ao horror da guerra. 

“Quem quer que se atravesse (cito ainda as palavras do ditador) no nosso caminho, ou mesmo quem nos ameace a nós e ao nosso povo (onde é que eu já ouvi isto?), deve saber que a resposta russa vai ser imediata, e levará a consequências que nunca enfrentaram na vossa história.” Tem razão. De facto, as muitas reuniões, conferências de imprensa, comunicados, deslocações, avisos, propostas, sanções não passam de blá-blá, provando que os políticos de hoje são bonecos falantes, frágeis, tímidos, e a olhar para o seu majestoso umbigo. Desde o fraco Biden ao clube da UE, todos ofereceram uma imagem confrangedora de quem primeiro se quer defender por medo, depois perder o poder. A esta gente só a economia interessa – o Presidente ucraniano tem razão quando diz estar sozinho a enfrentar Golias. 

         - Como eu desde a primeira hora previ. A argumentação é que o país não faz parte da NATO, mas em quantos outros países e partes do mundo americanos e europeus não entraram de armas na mão sem que essas nações fizessem parte da Organização? As sanções que uns e outros implementaram, é dito pelos próprios, terem resultados e consequências a longo prazo. Mas a guerra com o seu quadro terrível, é presente. Os ucranianos não têm armamento, exército, nem estruturas de defesa que possa fazer face à Rússia. Os políticos falam a longo prazo, os pobres ucranianos querem agora, neste momento em que são obrigados a largar tudo e fugir ou a combater corpo a corpo. Isto é o que está a acontecer agora. A guerra é hoje com o seu horror, o desespero, a morte, destruição e, dentro em breve, a ocupação russa e a perda total de liberdade e soberania. 

         - Mais uma vez, independente do clube da União Europeia, o primeiro-ministro inglês fez a diferença, irrompendo com medidas imediatas concretas: travou o acesso dos corruptos oligarcas aos bancos, proibiu a entrada de aviões da Rússia, de cidadãos russos no país e assim, entre outras medidas pesadas. Por cá, como se os negócios de Estado fossem coisa privada, não sabemos, por nos esconderem, quantos oligarcas possuem “vistos gold”.