quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Quarta, 23.

Enfim o PCP disse de sua justiça relativamente ao que se passa entre a Ucrânia e a Rússia. Não nos surpreendeu. Continua o ferrenho defensor de causas perdidas, sempre extremado, nos braços dos ditadores. Aliás, todo o longo e lamurioso comentário, já eu o tinha ouvido ipsis verbis do João Corregedor, ao telefone, segunda-feira. E como sempre, só não lhe desliguei o aparelho na cara, por estima por ele. Em grosso, o que o Partido reivindica, é o não cumprimento por parte da Ucrânia dos acordos de Minsk, quando quem falhou desde a primeira hora foi Putin, e logo na sequência da anexação da Crimeia e da guerra civil no Donbass. O acordo foi uma autonomia mitigada, visto essencialmente por Putin, em questões nacionais, com o direito de vetar, por exemplo, a adesão da Ucrânia à NATO e à União Europeia. Para não falar do cessar-fogo que nunca foi cumprido por nenhuma das partes. Volodymyr Olexandrovyth Zelensky arrisca-se a ficar só com os amigos egoístas e débeis que tem nos EUA e na União Europeia. O perigoso é que o cenário de guerra se assemelha muito ao da Primeira Grande Guerra, com a imagem das trincheiras e dos jovens soldados tristes, obrigados a morrer pela loucura de um só homem protegido pela nomenclatura militar tartamuda. Como regime exclusivo de um ditador, a corrupção é mais que muita. Os oligarcas que nasceram da sua política, e até o próprio ministro da Defesa actual, possuem contas astronómicas nos EUA e na Europa – estão todas congeladas. Com certeza esta medida desespera-os mais que a própria morte.  

         - Comprei uma mochila que tem a garantia de 30 anos (a que pus na reforma durou quatro e custou 30 euros), por esta dei 50 euros. É só dividir esta importância por trinta. 

         - Fui à Nespresso comprar café e encontrei no lugar do costume o pobre que estende o tapete, põe um pires aos pés, abre um livro e abstrai da sua condição de mendigo. Depois de lhe ter dado uma moeda, sendo curioso, perguntei-lhe o que lia, virou-me a capa: A Biblioteca da Morte (penso) de um autor americano. Digo-lhe: “Isso não tem nada a ver com a Morgadinha dos Canaviais que lia há semanas.  Pois não, isto é aventuras.”