segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Segunda, 21.

Fala-se da seca e atribui-se à mudança do clima. Mas eu lembro-me de anos infernais de calor e pouca chuva pelos anos Setenta e Oitenta. Não quero dizer que esta baralhada climática não tenha mão humana e, sobretudo, industrial relacionado com a ganância e o consumo criminoso que só beneficia os ricos e muito ricos. O ensandecimento da Natureza é a forma que ela possui para se defender, contra-atacando. Vem isto a propósito de a semana passada a tempestade Eunice (agora é moda dar nomes a estes sustos) ter causado avultados prejuízos e até mortes em vários pontos do globo, desde a Escócia ao Brasil. Neste país onde tudo acontece grande e feio, em Petrópolis, deslizamento de terras arrastou pessoas, casas, automóveis e árvores causando pelo menos meia centena de mortos e centenas de pessoas desaparecidas. Em Pas de Calais, os estragos foram consideráveis. Todavia, à boa maneira portuguesa, passado o susto tudo volta ao que era, reflecção e atitude não é connosco. 

         - Às centenas multiplicam-se as escaramuças entre russos e ucranianos. Em duas semanas de ameaça de invasão da Ucrânia, o Ocidente e os Estados Unidos prosseguem conversa sobre conversa, sem que saia algum acordo possível com Putin senhor todo poderoso. Não me cheira nada bem a estratégia. No final é Putin que vai sair vencedor duma guerra idiota que os ucranianos não merecem. Não considero um acordo que humilhe a Ucrânia obrigando-a a renunciar à sua independência. Se isso acontecer, é a democracia que sai derrotada e as ditaduras russa e chinesa vitoriosas. Os políticos europeus foram ingénuos ou gananciosos ou ambiciosos ao entregarem-se a potências que não têm o mesmo estatuto político, ficando dependentes das suas autoridades em matérias essenciais à vida dos seus concidadãos; refiro-me ao gás natural e a outros negócios que abdicaram de mão beijada. 

         - A Covid-19 já era. Pelo menos é o que os nossos políticos dizem ao povo que pensa através das suas ordens e dos pareceres televisivos. Conclusão: à minha volta são já várias as amigas e amigos que estão retidos em casa com SARS-CoV2. Todos vacinados, todos temerosos pelas consequências. Pior: no pico da pandemia, escaparam ao contágio.  A Zé que aí esteve domingo, disse-me que tinha contraído a doença há dois meses e, embora negativa hoje, os membros inferiores nunca mais foram o que eram, para além dum cansaço imenso permanente.  

         - A cangalheiro que havia surgido dos nevoeiros da noite do dia 15, tinha afinal uma mensagem a levar às personagens que se vão descobrindo no romance. Nada acontece por acaso. O que ele deixou plasmado na página desta manhã, é de uma importância inestimável para os moradores do beco Alexandre Ribeirinho. Eu não imaginava que ele trouxesse uma força moral incrível ao romance. Mas trouxe. E deixou-me estupefacto.