terça-feira, junho 29, 2021

Terça, 29.

A coisa está de novo preta. O número de casos por coronavírus não pára de crescer e hoje anda ao nível de Fevereiro quando a hecatombe tomara o país por inteiro. Agora, se tudo isto tivesse uma lógica e o que diz o Governo fosse para levar a sério, as medidas que então se tomaram deviam já estar a ser implementadas. O argumento é o facto de haver uns 40 por cento de vacinados. Claro que com quarenta por cento da população imunizada, estamos muito longe da protecção geral. Isso, para os políticos e homens de negócio, não conta nada – a economia vale mais que os cidadãos, muitíssimo mais até porque nos encontramos quase na banca rota de novo. (Chiu, nada de interjeições!)  Estes estão entregues à sua sorte e espero que sejam mais sages que aqueles que os governam. 

         - Apresso-me a registar o que o Público dizia há dias: um terço dos senhores deputados tem outras formas de governar a vidinha airada. Ainda querem que eu ponha minha vida nas mãos de semelhantes gananciosos. 

         - Vivemos semanas a fio a levar com a imagem de um país melhor que os melhores do mundo, a meterem-nos na cabeça que iríamos repetir a dose de sermos o primeiro do futebol europeu e quiçá mundial, que temos o melhor do Planeta entre nós; Chefe de Estado, Presidente da Assembleia, primeiro-ministro viraram comentadores desportivos, o primeiro chegou a dizer que o futebol era mais importante que a Covid-19, as televisões fartaram-se de nos impingir a arraia-miúda do jornalismo, andámos suspensos de uma imagem fabricada no tempo do Estado Novo e vai-se a ver somos medíocres, fracos, sem garra, jogadores de papel. Perdemos vergonhosamente e caímos vergados ao peso daquilo que nunca fomos – “os maiores”. 

         - Há um ministro do executivo de Johnson que foi apanhado embrulhado com uma colaboradora, beijando-se como dois jovens apaixonados. São ambos maiores, mas isso, aproveitado pelos jornais, traduziu-se na demissão do pobre beijoqueiro: perdeu o posto e talvez a casamento. Se falo desta futilidade é para a comparar com o nosso autarca de Lisboa. Embora tenha entregado inocentes aos seus algozes chineses, russos, israelitas e passo, numa prática aberrante e pidesca, permanece no cargo e não há quem o arranque de lá. Uma democracia vê-se nestes pormenores.   

         - Passei uma parte da manhã de domingo a desenrolar as técnicas do robot da piscina. Que coisa fascinante! Que prodígio tecnológico! A dada altura, vendo-o agatanhar as paredes, a aspirar o fundo, a deslizar à tona da água, bem-disse quem o imaginou e tive por resposta: “também eu te saúdo pela capacidade que tiveste em me pôr a trabalhar”. De facto! Esta cabecinha pequenina, retirou lá dentro o resto de lógica que a vida deixou de ter, para a aplicar na descoberta de um parceiro que me vai facilitar imenso a vida. Nunca tive a água tão limpa e nunca gastei tão pouca água e energia.