sexta-feira, junho 11, 2021

Sexta, 11.

O delfim de António Costa, pelos vistos, é useiro e vezeiro a expor aqueles que nos pedem asilo e protecção aos seus algozes. Uma tempestade tem assolado o país porque o homem não é só nulo, é também manhoso, faz-se de inocente e sabe porque o seu patrão lhe ensinou, que a melhor técnica é entregar a borrasca ao tempo que tudo sepulta e esquece e varre da memória dos gentios. Outras vozes, entretanto, se levantam contra a nulidade que governa Lisboa. São imigrantes aflitos, que passaram pelos mesmos métodos e viram o resultado plasmar-se nas suas vidas. Todos têm hoje medo, já não se sentem protegidos, mas não podem regressar aos seus territórios governados por ditadores, oligarcas ou tiranos. É incompreensível que seja uma autarquia, por grande que seja, a enviar documentação directamente aos governos de origem dos que por cá ficaram para fugir à repressão, à prisão e porventura à morte. Como muitos dos que hoje ocupam pastas governamentais fizeram para escapar à ditadura do Estado Novo. Se o homem não se demite e ainda por cima utiliza a prática de atacar a oposição para ganhar terreno, que os lisboetas lhe retirem a confiança nas eleições que brevemente ocorrerão.

         - Contudo, há na origem deste procedimento, uma espécie de bandalheira pública que remete quem nos governa para o laxismo tão querido à governação do Estado. A forma impositiva como hoje se pedem informações sobre a nossa via privada – bancos, administração pública, empresas, Google e outros sistemas informáticos, supermercados, companhias de segurança, fornecedores de água, electricidade, comunicações, etc. – sem que saibamos o que vai acontecer aos nossos dados, como se todos estes organismos, incluindo o Estado, nos tratassem como seus servos sem direito à nossa reserva, à nossa dignidade, ao direito a não responder ao que se nos afigura ir para além do razoável. Outro dia, no banco, passaram-me para as mãos uma página A4 cheia de perguntas qual delas a mais íntima. Respondi apenas a três e disse que ao resto me recusava. Eu pude bater o pé porque o meu tout petit bout de rechesse mo permitia. No rol até o diploma de doutor pediam!!! Bem sei que neste país de analfabetos, de gentalha de uma importância sem igual, pronta a largar o nome de família pelo título disto e daquilo, ser tratado por doutor é não só ter as portas do inferno abertas como as do céu, pela simples razão que os corruptos, os assassinos, os novos-ricos, os políticos com e sem ideais, toda essa gente rasca, rica e poderosa, viaja ao sabor das suas conveniências e prestígio. É por isso que na Assembleia da República onde há tantos doutores, engenheiros e, sobretudo, advogados foi instituído o principio do tratamento entre todos de “senhor deputado”. Mas há mais, o retrato deste país governado por insignificâncias, forjado na CGD, apesar de inquéritos pidescos, pergunta-se como foi possível que certos “clientes” pudessem ter ficado a dever milhões à instituição de todos nós??? Mistério. 

         - Anteontem refugiei-me num café perto do meu dentista e trabalhei duas horas no romance. Como andei arredio da história desde 11 de Maio e hoje voltei a ela hora e meia, portanto, sem a entrega que este género literário exige; para encontrar o fio à meada como se costuma dizer, imprimi as 60 páginas da primeira parte. Sobre elas trabalharei nas próximas semanas e verei que rumo me permitem as personagens trilhar. Um romance é uma prisão para o romancista; vive-se atrás das grades onde somos cativos da vida pujante que atapeta as suas páginas. 

         - O ARNm é uma molécula que copia as instruções do código de ADN, que estão no interior do núcleo das células, para outras estruturas celulares chamadas ribossomas, onde são produzidas proteínas. Quando foram criadas formas sintéticas de ARNm, em 1961, os cientistas logo pensaram usá-las para pôr as células a fabricar substâncias terapêuticas. Deste modo, treinam o sistema imunitário para reconhecer o vírus, em caso de infecção. ARNm (de mensageiro).