Terça, 7.
Hoje
foi dia do coxinho coitadinho. No metro, um homem de aspecto indiano, fez
questão que eu entrasse adiante dele quando o comboio chegou à estação de Sete
Rios ou seria Jardim Zoológico venha o diabo e escolha. Já dentro da carruagem a
abarrotar de utentes com o passe mágico, viajando eu de pé, a dada altura,
aparece o mesmo rapaz a indicar-me um lugar que entretanto vagou a meio do transporte.
Declino e agradeço com um grande sorriso. No Marquês de Pombal, a locomotiva
quase se esvazia e eu aproveito para me sentar. Quando abanco, quem tenho eu na
frente? Os mesmos olhos negros e sorridentes, inseridos num rosto redondo
coberto de barba escura, que me diz num português manhoso: “Vê, assim é que se
está bem.” Quando ele saiu nos Restauradores, já na gare, veio à minha janela
num adeus simpático que eu interpretei à minha maneira, mas tchiu bico calado.
- Na volta, subi ao parque de
estacionamento do Pinhal Novo, pelo elevador. Aqui também os felizardos do
passe mágico (mágico porque tudo o que sai da cartola de António Costa traz a magia
e a surpresa encantadoras de portas que se abrem ao toque, de comboios que
andam na leveza de preços, de corredores que se calcorreiam a pé coxinho e
sobem escadas rolantes de entontecer) enchiam a caixa onde íamos colados uns
aos outros. Ao sairmos diz-me uma rapariga muito jovem, alva de cútis, um leve
sorriso freirático: “Um dia o senhor vai correr mais que nós todos. – Então
porquê? – Porque o Senhor (ergue ao céu o passe mágico que trazia na mão) assim
fará. – Que Ele me permita que continue a caminhar como até hoje e já me dou
por satisfeito”, disse.
- Black voltou todo ferido. Estive a
tratá-lo e o bicho aceitou, reconhecido, o tratamento. Deve ter andado na
guerra contra os galifões que se aproximam das galdérias que namoram com ele.
Está magro como um gato bravo que afinal nunca deixou de ser.
- Aquela do camarada Moscovici vir
elogiar António Costa no confronto com os utópicos professores, deixa muito a
desejar. Aliás, julgo que já não é a primeira vez que membros de Bruxelas
enaltecem os confrades do Partido Socialista. A escolha do seu candidato ao Parlamento
Europeu não foi a melhor e, à maneira de Mário Soares, há que pedir ajuda sem
despudor.