terça-feira, maio 07, 2019

Terça, 7.
Hoje foi dia do coxinho coitadinho. No metro, um homem de aspecto indiano, fez questão que eu entrasse adiante dele quando o comboio chegou à estação de Sete Rios ou seria Jardim Zoológico venha o diabo e escolha. Já dentro da carruagem a abarrotar de utentes com o passe mágico, viajando eu de pé, a dada altura, aparece o mesmo rapaz a indicar-me um lugar que entretanto vagou a meio do transporte. Declino e agradeço com um grande sorriso. No Marquês de Pombal, a locomotiva quase se esvazia e eu aproveito para me sentar. Quando abanco, quem tenho eu na frente? Os mesmos olhos negros e sorridentes, inseridos num rosto redondo coberto de barba escura, que me diz num português manhoso: “Vê, assim é que se está bem.” Quando ele saiu nos Restauradores, já na gare, veio à minha janela num adeus simpático que eu interpretei à minha maneira, mas tchiu bico calado.

         - Na volta, subi ao parque de estacionamento do Pinhal Novo, pelo elevador. Aqui também os felizardos do passe mágico (mágico porque tudo o que sai da cartola de António Costa traz a magia e a surpresa encantadoras de portas que se abrem ao toque, de comboios que andam na leveza de preços, de corredores que se calcorreiam a pé coxinho e sobem escadas rolantes de entontecer) enchiam a caixa onde íamos colados uns aos outros. Ao sairmos diz-me uma rapariga muito jovem, alva de cútis, um leve sorriso freirático: “Um dia o senhor vai correr mais que nós todos. – Então porquê? – Porque o Senhor (ergue ao céu o passe mágico que trazia na mão) assim fará. – Que Ele me permita que continue a caminhar como até hoje e já me dou por satisfeito”, disse.

         - Black voltou todo ferido. Estive a tratá-lo e o bicho aceitou, reconhecido, o tratamento. Deve ter andado na guerra contra os galifões que se aproximam das galdérias que namoram com ele. Está magro como um gato bravo que afinal nunca deixou de ser.


         - Aquela do camarada Moscovici vir elogiar António Costa no confronto com os utópicos professores, deixa muito a desejar. Aliás, julgo que já não é a primeira vez que membros de Bruxelas enaltecem os confrades do Partido Socialista. A escolha do seu candidato ao Parlamento Europeu não foi a melhor e, à maneira de Mário Soares, há que pedir ajuda sem despudor.