Quinta,
2.
Ontem
à tarde andei pela Baixa e encontrei o Primeiro de Maio o mais sereno que se
possa imaginar. Pacíficos, os portugueses são um povo feliz e, não obstante os
dois milhões de pobres, os 80 por cento com dificuldade em pagar a água, a electricidade
chinesa e a casa; os 30 por cento já no limite da vida, apesar da sobrevivência
em que a maioria vive, as ruas banhadas de sol aspergiam alegria. Dir-se-ia que
enquanto povo preferimos a máxima: quanto mais me bates, mais eu gosto de ti.
- O mesmo não se passou com o intrépido
povo francês. Chou Chou, jogando a sua derradeira cartada, pôs nas ruas de Paris
sete mil agentes da autoridade. De nada serviu. Apenas trouxe aos corações dos
80 mil manifestantes ainda mais raiva e ódio. Os nossos queridos gilets jaunes, sendo povo, uniram-se ao
coro dos que não vão na melopeia do banqueiro e o resultado foi a violência, automóveis
destruídos, polícias e participantes feridos, montras partidas, mobiliário
urbano incendiado. Eu vergo-me ante a consciencialização daqueles que não se
deixam enganar, que se batem pelo seu destino enquanto membros de uma sociedade
que se quer participativa e não abatida, ensonada, indiferente, medrosa. Ali o
Primeiro de Maio foi um acontecimento radioso da afirmação maioritária daqueles
que sustentam o capitalismo egocêntrico e desumano.
- Ao autoproclamado presidente da
Venezuela, falta-lhe tacto, experiência, e mais calma em chegar ao poder. O
“golpe” por ele encenado e apoiado por Trump que o manipula, fracassou e redundou numa birra
de menino a brincar às revoluções. Felizmente que o banho de sangue que eu
temia não aconteceu.