quinta-feira, maio 02, 2019

Quinta, 2.
Ontem à tarde andei pela Baixa e encontrei o Primeiro de Maio o mais sereno que se possa imaginar. Pacíficos, os portugueses são um povo feliz e, não obstante os dois milhões de pobres, os 80 por cento com dificuldade em pagar a água, a electricidade chinesa e a casa; os 30 por cento já no limite da vida, apesar da sobrevivência em que a maioria vive, as ruas banhadas de sol aspergiam alegria. Dir-se-ia que enquanto povo preferimos a máxima: quanto mais me bates, mais eu gosto de ti.

         - O mesmo não se passou com o intrépido povo francês. Chou Chou, jogando a sua derradeira cartada, pôs nas ruas de Paris sete mil agentes da autoridade. De nada serviu. Apenas trouxe aos corações dos 80 mil manifestantes ainda mais raiva e ódio. Os nossos queridos gilets jaunes, sendo povo, uniram-se ao coro dos que não vão na melopeia do banqueiro e o resultado foi a violência, automóveis destruídos, polícias e participantes feridos, montras partidas, mobiliário urbano incendiado. Eu vergo-me ante a consciencialização daqueles que não se deixam enganar, que se batem pelo seu destino enquanto membros de uma sociedade que se quer participativa e não abatida, ensonada, indiferente, medrosa. Ali o Primeiro de Maio foi um acontecimento radioso da afirmação maioritária daqueles que sustentam o capitalismo egocêntrico e desumano.


         - Ao autoproclamado presidente da Venezuela, falta-lhe tacto, experiência, e mais calma em chegar ao poder. O “golpe” por ele encenado e apoiado por Trump que o manipula, fracassou e redundou numa birra de menino a brincar às revoluções. Felizmente que o banho de sangue que eu temia não aconteceu.