Sábado, 11.
Tudo
evolui mesmo os slogans da Queima das Fitas na minha saudosa Coimbra. É certo
que nessa semana os entusiasmos e os apetites sempre me lembra estarem ao
rubro, agora que alguma vez tenhamos sido tão excitantes e práticos que
tenhamos proposto às caloiras que se pusessem nuas e nos deixassem os lábios
inchados de beijos a troco de shots como
fazem os camaradas do Porto isso, com
fraqueza. não. Como não tínhamos coragem de fechar uma donzela numa cabine
pública e ameaçá-la: “Se daqui queres sair, tens de me fazer vir.” Muito disto,
sob as modernas tecnologias que registam tudo. No Porto está a ser assim, será
que Coimbra inventa melhor? Eu sei que o Viagra faz maratonas, mas também sei
que não há nada como um saco de gelo para o combater.
- Vi há dias por mero acaso a canção que
Portugal leva à Eurovisão. Aquilo é abaixo de cão, de uma idiotice primária,
com dois tipos vulgares, do género periferia de capoeira, um deles a atirar-se ao chão numa tentativa de
ficar todo partido ou pelo menos amachucado. A canção propriamente dita, não
tem por onde se lhe pegue, é boçal melódica e de letra. Parece que foi a mais
votada democraticamente pelos telespectadores, facto que não me surpreende; o
que espanta, se é verdade o que me dizem, é terem sido os votos em sintonia do
júri no estúdio que premiaram a tarouquice. É mais uma mediocrize que faz jus à
saudável união entre uns e outros, mas que nada tem a ver com música. Se a que
lhes deu o prémio há dois anos era lamechas; esta é chunga e ordinária. Tanto
uma como outra, ninguém reterá e uma semana depois nenhuma rádio a transmitirá.
Aquela está enterrada, esta vai a caminho do cemitério. A qualidade do
festival, está ao nível de tudo o que o mundo tem por extraordinário, isto é, a latrina.
- Realmente os medíocres têm lata para
tudo. É o caso do nosso cherne maoísta convertido ao capitalismo, de seu nome
Durão Barroso. Anda por aí, quero dizer, por Portugal, a debitar postas de
cherne como se tivesse sido um estadista ao nível de Jacques Delors. A quadrada
criatura, corrida de todo o lado por corrupta e aproveitadora, mentirosa e
pateta, quer renascer do pecado utilizando a fraca memória dos seus
compatriotas e o seu desinteresse por tudo que não seja futebol. A União
Europeia não precisa de um elemento que a dirigiu contra si e a seu obsessivo
interesse pessoal. Que se deixe estar onde está, no meio dos dejectos
capitalistas que trabalhou na sombra quando foi Presidente da dita União para
conseguir. Não me admira que seja um incondicional apoiante de Trump.
- Nesta altura do ano, bem posso lutar
contra a caixa de multivitaminas. Chego até aqui de rastos, vergado a um
cansaço excessivo, amorfo, o cérebro cheio de ratazanas, as forças feitas fios
de nylon arrastadas pelo chão de condenados, tão frágil, infeliz, uma alface
murcha, um pedaço de coisa nenhuma. Limito-me a estar vivo, a olhar os dias e
as noites sem nelas entrar ou entrando logo saindo para as horas vazias que não
encho tocadas da nostalgia que impregna cada espaço do meu pobre corpo
(interrompido).