Segunda,
27.
Como
eu aqui previ, a abstenção (68,73%) ganhou em todas as frentes: quase 70 por
cento de eurocépticos. Quer dizer, apenas 30 por cento de eleitores confiam os
seus destinos aos tecnocratas de Bruxelas. Pois que lhes faça bom proveito.
Quanto aos nossos queridos políticos, homens e mulheres sacrificados por nós,
querendo abnegadamente o nosso bem e do país, desprendidos de tudo, o coração
batendo por cada um de nós, estão num estado de choque de fazer chorar a
calçada de Lisboa. Sentem-se traídos no seu esforço e todos dizem "assumir as
suas responsabilidades” só não explicam como ou o que quer isso dizer.
- Homens de partido que são, tão
fisgados no poder, nem se referem à abstenção que eu se estivesse no lugar
deles tinha vergonha. Setenta por cento de portugueses não se reconhecem
naquela litania enfurecida, que durante semanas ondulou por todo o país, nem
acreditam nas promessas empoladas há pelo menos 40 anos, repetidas à exaustão, nunca
cumpridas, tomando-nos por obtusos, desmemoriados, pobres coitados ocupados em sobreviver,
distraídos com telenovelas, futebol, praia, concursos e tudo o que é
entretenimento porque para problemas já basta os que temos e a vida é demasiado
curta para a tomarmos colectivamente como projecto que a todos e a cada um diga
respeito. Como é habito, todos os políticos ganharam, mas se observarmos de
perto, verificamos que nenhum saiu vencedor. Mesmo Costa que se ufana, ficou
aquém de José Seguro que ele atirou borda fora do Partido: em 2014 o então
secretário do PS obteve 66,16% e António Costa, em 2019, 68,64% uma niquice mais! Outro que grita vitória, é o Bloco. Coitado do mini-partido: foi em 2009 que
ele estendeu o pescoço. Os demais, sobretudo os da direita, foi para mim o
grande prazer notar que os meus compatriotas não se deixaram levar na conversa
de embalar. Cristas é detestável como político (ou será política) e o advogado
que vive a vida acumulando somas astronómicas e tem no PE a gabarolice indispensável
ao seu viver, foi reduzido a cinzas e sepultado com o chefe rústico nortenho.
- Todavia, o mais importante do fim-de-semana,
pertence aos coxinhos, coitadinhos. Marta
Jordão, 14 anos, conquistou a medalha de ouro na classe AS-VI no primeiro campeonato
de surf adaptado, em Viana do Castelo.
- Aquela frase “a maioria dos
portugueses escolheu não escolher”, lembra Lucas Pires - o homem que governava
por metáforas.
- Abri a época piscineira. Tinha
tantas saudades de boas braçadas, do cheiro do coloro, de nadar nu, estender-me
ao sol como Deus me fez, partir surfando as ondas da tarde evoladas dos
perfumes primaveris...