Sexta, 9.
Abstinência
sexual dos recasados pede o cardeal-patriarca de Lisboa, interpretando à sua
maneira as directivas do Papa Francisco. Sem demora, vieram a terreiro ou antes
ao adro da igreja, alguns sacerdotes discordarem das ordens de D. Manuel
Clemente. Bom. O que eu acho não sendo casado nem vivendo em comunhão de facto
com ninguém, era o que mais me faltava, é que sua reverência viva ainda no
mundo das suas berças familiares onde os filhos chegavam nos bicos das
cegonhas. O que sua excelência amantíssima devia era congratular-se com aqueles
que não dispensam a presença de Deus nas suas vidas, e recorrem à Igreja para
os receber como irmãos em Cristo e católicos que nunca deixaram de ser, pese
embora as interferências da vida no seu matrimónio. Jesus não casou, nem no
Novo Testamento encontramos especial interesse por essa instituição que
controla as contas bancárias, derrete de contentamento o Fisco e facilita a
vida à Polícia, dá de comer à sociedade de consumo, entretém as famílias com
concursos na TV, e explora os tristes sem capacidade para aceitar a solidão
como parte divinizante do ser humano.
- Comecei a reler, desta vez na versão
francesa, Pensées pour moi-même de
Marco Aurélio. Ando à procura de um fragmento que me recordo ter lido na versão
portuguesa para inserir no Pesadelo dos Dias Felizes. Contudo,
logo no Livro II, esbarro com este texto que atira para o lixo a veleidade de
tudo quanto andam por aí a ensinar nas escolas e tanto ódio tem semeado nas
sociedades. “Se comporter en adversaires les uns des autres est donc contre nature,
et c´est agir en adversaire que de témoigner de l´animosité et de l´aversion.”
Aprendam senhores professores e políticos arrogantes de meia tijela.