sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Sexta, 9.
Abstinência sexual dos recasados pede o cardeal-patriarca de Lisboa, interpretando à sua maneira as directivas do Papa Francisco. Sem demora, vieram a terreiro ou antes ao adro da igreja, alguns sacerdotes discordarem das ordens de D. Manuel Clemente. Bom. O que eu acho não sendo casado nem vivendo em comunhão de facto com ninguém, era o que mais me faltava, é que sua reverência viva ainda no mundo das suas berças familiares onde os filhos chegavam nos bicos das cegonhas. O que sua excelência amantíssima devia era congratular-se com aqueles que não dispensam a presença de Deus nas suas vidas, e recorrem à Igreja para os receber como irmãos em Cristo e católicos que nunca deixaram de ser, pese embora as interferências da vida no seu matrimónio. Jesus não casou, nem no Novo Testamento encontramos especial interesse por essa instituição que controla as contas bancárias, derrete de contentamento o Fisco e facilita a vida à Polícia, dá de comer à sociedade de consumo, entretém as famílias com concursos na TV, e explora os tristes sem capacidade para aceitar a solidão como parte divinizante do ser humano.


         - Comecei a reler, desta vez na versão francesa, Pensées pour moi-même de Marco Aurélio. Ando à procura de um fragmento que me recordo ter lido na versão portuguesa  para inserir no Pesadelo dos Dias Felizes. Contudo, logo no Livro II, esbarro com este texto que atira para o lixo a veleidade de tudo quanto andam por aí a ensinar nas escolas e tanto ódio tem semeado nas sociedades. “Se comporter en adversaires les uns des autres est donc contre nature, et c´est agir en adversaire que de témoigner de l´animosité et de l´aversion.” Aprendam senhores professores e políticos arrogantes de meia tijela.