sexta-feira, setembro 08, 2017

Sexta, 8.
Que conclusão tirar do romance inacabado Henri d´Ofterdingen? Socorro-me das notas de Novalis deixadas ao seu amigo Ludwig Tieck e que traduzem o adolescente sonhador e místico que foi o poeta. Verdadeiramente a chegada da personagem ao Paraíso da Unidade, onde “fleurs et animaux se parlent de l´homme. Le monde féerique devient tout entier visible, le monde réel lui-même revêt l´aspect de la féerie. Il trouve la Fleur bleue; c´est Mathilde que dort, et tient l´escarboucle; une petite fille, enfant d´Henri et de Mathilde, est assise près d´un cercueil et le rajeunit. Cette enfant est le monde de l´origine, l´âge d´or de la fin. Ici sont réconciliés la religion chrétienne et le paganisme. On chante entre autres les histoires d´Orphée et de Psyché”. O regresso à Grécia antiga.

         - Telefonou-me a pedir uma nota biográfica para uma conferência que vai dar na Amadora e deseja incluir-me no número de escritores e artistas citados. Respondi que não me interessa ab-so-lu-ta-men-te nada que falem de mim, mas regozijo-me se abordarem os meus livros ou até este blogue. Aqui encontram tudo sobre o escritor e a obra e se pretenderem mais, respondo como dizia o meu querido amigo Francisco Vicente: “que querem saber mais - você já se expõe tanto!”.     

         - Encontrei outro dia um jornalista de quem gosto muito e escreve no Público. Ficámos a conversar um pouco e eu revelei-lhe o nome da editora onde conto publicar a Madame Juju e logo ele me devolveu: “Não vai ter nenhuma crítica. O meio detesta esses tipos e não vão poupá-lo por escolher trabalhar com eles.” A conversa continuou, mas não é ainda chegada a hora de expor aqui as vaidades e soberbas dos literatos do nosso burgo. Mas vou fazê-lo sem papas na língua. Eu fui, sou e serei sempre independente. Só faço contratos para a edição de um livro. Não sou mercenário ao serviço da cagança. Escrevo por razões que quase ninguém hoje segue ou compreende. A feira das vaidades não me seduz. A escrita, como já aqui disse n vezes, é sagrada. Não troco um livro por uma arroba de batatas nem por um lingote de ouro.  

         - O Papa está de vivita pastoral à Colômbia. Na bagagem a tentativa de reforço dos laços de paz entre o Governo e as FARP. Multidões acorrem para ver Francisco.  

         - Almocei no Corte Inglês com a Alzira. Depois de duas tentativas para nos encontrar-nos – uma quando ela aqui passou de regresso do Algarve há duas semanas, outra anteontem – desta vez houve tempo para pôr a conversa em dia e ainda sobrou para uma volta no estabelecimento que ela aproveitou para me dar os parabéns antecipados. Boa amiga de há tantos anos!