sexta-feira, setembro 29, 2017

Sexta, 29.
Ontem dei tréguas ao meu cérebro esgotado e fui almoçar com os amigos ao Príncipe que há vários dias reclamavam a minha presença. Estivemos apenas três: Carlos, o Mário e eu. Pouca clientela também. O que redundou em lucro para nós, não só com menos ruído, como mais celeridade no serviço. Dali, fui com o Irmão, revisitar os painéis de Pedro Alexandrino de Carvalho que ornam os altares na igreja de Nossa Senhora do Loreto. Belo trabalho do séc. XVIII que a pouca luz não deixa admirar como merecem. Na igreja meia dúzia de fiéis em oração. O ruído da rua não parecia interferir com a devoção. As igrejas são lugares de encontros divinos e purificação. Bastam cinco minutos para sairmos santificados.

         - No bar da Bertrand entrámos pela tarde dentro em conversa solta e muito riso. Mil recordações, vindas pela memória de elefante que é a do meu amigo. Temos imensa gente das artes e do jornalismo que se cruzaram connosco e entram de quando em vez na salada dos temas vadios: Ary dos Santos, a velha Cine Moro e o atelier que o Carlos teve em frente, o 25 de Abril e o espectáculo daqueles que sendo de esquerda correram a ficar com os bens dos homens de direita, do senhor Robert Gulbenkian a quem ele deu lições de escultura, etc. etc.

          - Um pouco mais tarde, encontrei-me com o Simão recém-chegado da Polónia e da República Checa. A grande novidade, foi a sociedade imobiliária que fez com um amigo do Norte. Disse-me imediatamente que me queria vender a quinta. Respondi que a última oferta foi 700 mil euros e logo ele: “vendo-ta pelo preço que pedires. - Onde vais tu encontrar comprador? - Temos uma base de dados de todo o mundo. Sr. empresário, por quem sois!

         - Anoto para memória futura, esta frase de Francisco Assis hoje no Público: “Macron alcançou uma credibilidade que nenhum outro Presidente francês logrou alcançar nos últimos 20 anos.”   

         - E esta para minha memória: o interessante documentário de anteontem na ARTE sobre Frederico Nietzsche e as lavagens que a irmã, Isabel, fez à sua obra.


         - Assim como este tempo de fim de verão, cheio da luz serena dos fins de tarde no terraço, o pensamento voando ao passado quando a vida tinha os tons e o olfato e os olhos daquele que aqui desembarcou em busca do silêncio e da solidão que a escrita lhe solicitava.

         - Há duas eleições no domingo: na Catalunha e em Portugal. As primeiras são de um povo vivo, as nossas de um povo moribundo.