Sexta, 29.
Ontem
dei tréguas ao meu cérebro esgotado e fui almoçar com os amigos ao Príncipe que
há vários dias reclamavam a minha presença. Estivemos apenas três: Carlos, o
Mário e eu. Pouca clientela também. O que redundou em lucro para nós, não só
com menos ruído, como mais celeridade no serviço. Dali, fui com o Irmão, revisitar
os painéis de Pedro Alexandrino de Carvalho que ornam os altares na igreja de Nossa
Senhora do Loreto. Belo trabalho do séc. XVIII que a pouca luz não deixa
admirar como merecem. Na igreja meia dúzia de fiéis em oração. O ruído da rua
não parecia interferir com a devoção. As igrejas são lugares de encontros
divinos e purificação. Bastam cinco minutos para sairmos santificados.
- No bar da Bertrand entrámos pela
tarde dentro em conversa solta e muito riso. Mil recordações, vindas pela
memória de elefante que é a do meu amigo. Temos imensa gente das artes e do
jornalismo que se cruzaram connosco e entram de quando em vez na salada dos
temas vadios: Ary dos Santos, a velha Cine Moro e o atelier que o Carlos teve
em frente, o 25 de Abril e o espectáculo daqueles que sendo de esquerda
correram a ficar com os bens dos homens de direita, do senhor Robert Gulbenkian
a quem ele deu lições de escultura, etc. etc.
- Um pouco mais tarde, encontrei-me
com o Simão recém-chegado da Polónia e da República Checa. A grande novidade,
foi a sociedade imobiliária que fez com um amigo do Norte. Disse-me
imediatamente que me queria vender a quinta. Respondi que a última oferta foi
700 mil euros e logo ele: “vendo-ta pelo preço que pedires. - Onde vais tu
encontrar comprador? - Temos uma base de dados de todo o mundo. Sr. empresário,
por quem sois!
- Anoto para memória futura, esta
frase de Francisco Assis hoje no Público: “Macron alcançou uma credibilidade
que nenhum outro Presidente francês logrou alcançar nos últimos 20 anos.”
- E esta para minha memória: o
interessante documentário de anteontem na ARTE sobre Frederico Nietzsche e as
lavagens que a irmã, Isabel, fez à sua obra.
- Assim como este tempo de fim de verão,
cheio da luz serena dos fins de tarde no terraço, o pensamento voando ao
passado quando a vida tinha os tons e o olfato e os olhos daquele que aqui
desembarcou em busca do silêncio e da solidão que a escrita lhe solicitava.
- Há duas eleições no domingo: na Catalunha e em Portugal. As primeiras são de um povo vivo, as nossas de um povo moribundo.
- Há duas eleições no domingo: na Catalunha e em Portugal. As primeiras são de um povo vivo, as nossas de um povo moribundo.