Quinta, 14.
Interessante
almoço no Príncipe falado em inglês e português, reunindo à mesa o Carlos, o
filho que é geólogo e trabalha em Londres e a mulher vietnamita. Tal como o pai,
o filho também se inclina à arte e a consorte segue o mesmo caminho. Daí que
pintores, épocas, escolas, tenham estado sentados à mesma mesa num diálogo por
vezes arrebatador. O Irmão tem aquela obsessão de tudo saber e tudo impor aos
outros, mas no final acaba sempre em franca amizade, esquecidos logo os
ímpetos, os longos monólogos em que todos o deixam abandonado à ladainha que o
alimenta e o torna afinal credor de mil efctos.
- João Corregedor com quem tomei café
na Brasileira, aceitou fazer a apresentação de O Rés-do-Chão de Madame Juju. Generoso e amigo, aceitou o convite e
vendo-me preocupado com as pequenas gralhas e erros gramaticais que sempre
aparecem e me fazem sofrer, propôs-se rever o original.
- A campanha para as autárquicas está
ao rubro. Em verdade, nós os esquecidos, maltratados, ignorados durante quatro
anos, conhecemos pela porta do cinismo e do oportunismo, quanto somos estimados
e protegidos. É caso para dizer como Voltaire: Un jour tout sera bien. Voilà notre espérance. Tout est bien
aujourd´hui. Voilà l ´illusion.
- Apesar de a água estar
verdadeiramente fria e, por isso, pouco convidativa ao mergulho, não deixei de
nadar meia hora sob um céu azul luminoso e um vento que salmodiava em torno da
quinta.