Domingo, 10.
São
assustadoras as imagens do furacão Irma. Ventos de mais de 350km/hora, chuvas
diluvianas, cidades inteiras destruídas, milhares de pessoas à deriva sem
tecto, sem água potável, sem comida, sem terem onde dormir. Quase todas dizem haverem
ficado sem nada. Tudo, segundo os cientistas, devido ao aquecimento do Planeta,
com o Atlântico a registar 29 graus de temperatura e 70 por cento de humidade. Mais
terrível ainda: estão em formação seguindo o mesmo trajecto do Irma, um casal
de furacões – Kátia e José. São milhões os povos que fogem como podem da sua
fúria. Ontem, na última etapa da sua viagem, atingiu a Flórida com um pouco
menos de força. Arribou cansado o monstro.
- No barco que me levou a Lisboa,
mulheres nas minhas costas, pelo que percebi empregadas de limpeza num
hospital, falavam como é de regra alto. Dizia uma: “o meu gato tem a mania de
me andar a cheirar as orelhas. – Olha, antes a orelhas que outra coisa, responde
a companheira cheia de lascívia. – É por isso que eu me rapo toda. Ao menos não
tenho muita saliva para limpar.” Retorque a outra: “Ai, eu cá não me rapo, não
tem graça nenhuma. É como um jardim sem flores.”
- Mais esta escutada na capital. Ia a
subir o Chiado, encontro um mendigo trintão que está ao telemóvel sentado no
chão. Ouço à vol d´oiseau: “Querido,
já te disse que não tenho outro. Quantas vezes queres que repita (encostando o
telefone muito junto à boca) não tenho outro namorado!” Avancei e à medida que
me afastava percebia que o ciumento insistia.
- Eu dou graças a Deus pela vida que
escolhi. Não sei como vou terminar os meus dias, mas os anos que tenho vivido
sob a bandeira da minha escolha, foram santificados. Vem isto a propósito dos
desabafos de dois amigos que perderam recentemente as respectivas mulheres e se
encontram à guarda de filhos e sobrinhos. Ambos são independentes, fazem a sua
vida, um é artista, o outro foi jornalista, mas a casa é uma espécie de antecâmara
do inferno. A um a sobrinha roubou sete mil euros e foi preciso que o tio
entregasse o caso à polícia; a outro os filhos exploram até a tutano a ponto de
o homem não ter dinheiro para arranjar os dentes, roubam do atelier telas de
valor, etc. etc. Pior
ainda: um deles anda com muito dinheiro no bolso sujeito a ser assaltado ou a
perdê-lo. “Em casa é que eu não o deixo!” , responde-me quando o aviso do
perigo.