Terça, 23.
“C´est
bien parce que Dieu l´a voulu.” Frase desde tempos imemoriais escutada em todo
o lado e referida por Ludwig Wittgenstein nos seus Carnets, para concluir: “est l´expression exacte de l´absence de
fondement.”
E
peremptório:
“La
tâche de la philosophie est d´apaiser
l´esprit sur les questions insignifiantes. Celui qui n´est pas porté à de
telles questions n´a pas besoin de la philosophie.”
E
apologético:
“Un
être qui est en relation avec Dieu est fort.”
- Este fim de tarde, fui ao lançamento
do romance de Carlos Porfírio, A Valsa
dos Pecados, apresentado por António Pedro Vasconcelos, num local magnífico
– o Padrão dos Descobrimentos. Tendo chegado um pouco antes, entrei nos Pastéis
de Belém, enfim, forma de dizer. Em verdade a bagunça e os atropelos, a fila no
exterior dos estrangeiros para comprar os ditos ou encontrar mesa era tal que
fugi espavorido. Fiquei a ganhar. Os jacarandás em flor, lavaram-me a alma do
desarranjo paisagístico, da vista humana sossegada do tempo em que se podia
passear ou jantar calmamente por ali. O turismo traz-nos o desalinhamento do
tempo, introduz na cidade um não sei quê agressivo, como se os lugares
deixassem de ser nossos e passassem a ser sítios de ninguém.
- Em Manchester, à saída de um concerto
onde a maioria dos participantes eram jovens, um kamikaze a soldo do Daesh que
reivindicou o atentado, matou 22 pessoas e mais de uma centena ficou ferida. Este
é mais um crime que nenhuma estrutura político-militar consegue evitar. Apesar
de quase exterminada, a organização assassina consegue com pouco ou nada lançar
a morte e o terror onde ninguém conta.