terça-feira, maio 23, 2017

Terça, 23.
“C´est bien parce que Dieu l´a voulu.” Frase desde tempos imemoriais escutada em todo o lado e referida por Ludwig Wittgenstein nos seus Carnets, para concluir: “est l´expression exacte de l´absence de fondement.”

E peremptório:

“La tâche de la philosophie est  d´apaiser l´esprit sur les questions insignifiantes. Celui qui n´est pas porté à de telles questions n´a pas besoin de la philosophie.”

E apologético:

“Un être qui est en relation avec Dieu est fort.”

         - Este fim de tarde, fui ao lançamento do romance de Carlos Porfírio, A Valsa dos Pecados, apresentado por António Pedro Vasconcelos, num local magnífico – o Padrão dos Descobrimentos. Tendo chegado um pouco antes, entrei nos Pastéis de Belém, enfim, forma de dizer. Em verdade a bagunça e os atropelos, a fila no exterior dos estrangeiros para comprar os ditos ou encontrar mesa era tal que fugi espavorido. Fiquei a ganhar. Os jacarandás em flor, lavaram-me a alma do desarranjo paisagístico, da vista humana sossegada do tempo em que se podia passear ou jantar calmamente por ali. O turismo traz-nos o desalinhamento do tempo, introduz na cidade um não sei quê agressivo, como se os lugares deixassem de ser nossos e passassem a ser sítios de ninguém.   


         - Em Manchester, à saída de um concerto onde a maioria dos participantes eram jovens, um kamikaze a soldo do Daesh que reivindicou o atentado, matou 22 pessoas e mais de uma centena ficou ferida. Este é mais um crime que nenhuma estrutura político-militar consegue evitar. Apesar de quase exterminada, a organização assassina consegue com pouco ou nada lançar a morte e o terror onde ninguém conta.