Sábado, 27.
Os
assassinos do jovem David Duarte que morreu no hospital de S. José de aneurisma
por falta de cuidados médicos em
Dezembro passado (os foliões clínicos optaram pelo fim-de-semana como qualquer
funcionário público irresponsável), foram ilibados de responsabilidade e
consequente prisão por acto criminoso. O Ministério Público arquivou o
processo, servindo-se do charabiá jurídico incompreensível e pouco abonatório
para a justiça, considerando que “resultou de acto ou demissão no desempenho de
cargo ou função e não de acto ilícito, culposo e punível”, selando deste modo uma
decisão selectiva que compromete não só a democracia como e Estado de Direito. Depois
não se queixem do que dizem os portugueses sobre tudo isto a que chamam
vulgarmente República.
- Eu bem fujo do Príncipe, mas acabo
lá a almoçar. É que aquele grupo é tão interessante, estou tão em sintonia com
ele, que resvalo e caio desmaiado na cadeira com apoplexia de riso, discussão,
anedotário, falatório sobre arte e artistas numa barafunda umas vezes
avinagrada, outras saborosa. Entre nós há o excelente sentido de humor e
critica. O mesmo se passa com o João. Falámo-nos já eu estava na Brasileira e
ele recusou vir ao nosso encontro. Antes de deixarmos o restaurante, avisa-me que
sempre virá. Estando todos passados – eu menos que os demais -, mas com
suficiente discernimento para seguirmos, como habitualmente, o Guilherme para o
seu atelier em frente onde João Corregedor nos espera. Lá em cima, a altercação
dura até às sete e tal da tarde: política, religião, figuras e figurões num
cruzamento de ideias absolutamente dissemelhante, mas onde, à parte a bebedeira
do Carlos que se tornou insuportável e um pouco a do Alexandre entaramelada,
todos os outros puderam, com vigor e tom, exercer o prazer do debate, incluindo
um ex-padre também presente. Enquanto isso, o Guilherme com entradas por saídas
na tertúlia, pinta. Como é possível que alguém possa trabalhar naquela
algazarra! A dada altura o João, no seguimento do meu elogio ao Papa Ratzinger,
chama à coadura a “Teoria da Libertação” que, segundo ele, o Papa Emérito
proíbe. Contra-argumento que não é bem assim, uma vez que o movimento
introduziu no ministério sagrado da evangelização, a política. Recordo-lhe a
expressão de Marx segundo a qual se queres destruir a religião, impinja nela a
política. João desconhecia este princípio marxista e a conversa ficou por ali
ante o júbilo do Carlos, aos berros, no combate do nosso deputado e amigo.
- Mais um acto criminoso contra a
igreja Copta levado a cabo provavelmente pelo Daesh. A operação ocorreu contra
o autocarro que transportava os fiéis para o mosteiro de S. Samuel, no sul do
Cairo. Nela morreram 28 pessoas entre crianças e adultos. Os coptas são uma das
comunidades cristãs mais importantes do país, com 12 por cento de egípcios.