sábado, maio 27, 2017

Sábado, 27.
Os assassinos do jovem David Duarte que morreu no hospital de S. José de aneurisma  por falta de cuidados médicos em Dezembro passado (os foliões clínicos optaram pelo fim-de-semana como qualquer funcionário público irresponsável), foram ilibados de responsabilidade e consequente prisão por acto criminoso. O Ministério Público arquivou o processo, servindo-se do charabiá jurídico incompreensível e pouco abonatório para a justiça, considerando que “resultou de acto ou demissão no desempenho de cargo ou função e não de acto ilícito, culposo e punível”, selando deste modo uma decisão selectiva que compromete não só a democracia como e Estado de Direito. Depois não se queixem do que dizem os portugueses sobre tudo isto a que chamam vulgarmente República.

         - Eu bem fujo do Príncipe, mas acabo lá a almoçar. É que aquele grupo é tão interessante, estou tão em sintonia com ele, que resvalo e caio desmaiado na cadeira com apoplexia de riso, discussão, anedotário, falatório sobre arte e artistas numa barafunda umas vezes avinagrada, outras saborosa. Entre nós há o excelente sentido de humor e critica. O mesmo se passa com o João. Falámo-nos já eu estava na Brasileira e ele recusou vir ao nosso encontro. Antes de deixarmos o restaurante, avisa-me que sempre virá. Estando todos passados – eu menos que os demais -, mas com suficiente discernimento para seguirmos, como habitualmente, o Guilherme para o seu atelier em frente onde João Corregedor nos espera. Lá em cima, a altercação dura até às sete e tal da tarde: política, religião, figuras e figurões num cruzamento de ideias absolutamente dissemelhante, mas onde, à parte a bebedeira do Carlos que se tornou insuportável e um pouco a do Alexandre entaramelada, todos os outros puderam, com vigor e tom, exercer o prazer do debate, incluindo um ex-padre também presente. Enquanto isso, o Guilherme com entradas por saídas na tertúlia, pinta. Como é possível que alguém possa trabalhar naquela algazarra! A dada altura o João, no seguimento do meu elogio ao Papa Ratzinger, chama à coadura a “Teoria da Libertação” que, segundo ele, o Papa Emérito proíbe. Contra-argumento que não é bem assim, uma vez que o movimento introduziu no ministério sagrado da evangelização, a política. Recordo-lhe a expressão de Marx segundo a qual se queres destruir a religião, impinja nela a política. João desconhecia este princípio marxista e a conversa ficou por ali ante o júbilo do Carlos, aos berros, no combate do nosso deputado e amigo.


         - Mais um acto criminoso contra a igreja Copta levado a cabo provavelmente pelo Daesh. A operação ocorreu contra o autocarro que transportava os fiéis para o mosteiro de S. Samuel, no sul do Cairo. Nela morreram 28 pessoas entre crianças e adultos. Os coptas são uma das comunidades cristãs mais importantes do país, com 12 por cento de egípcios.