sexta-feira, maio 19, 2017

Sexta, 19.
Longa e arrebatada discussão sobre política que, não obstante a minha estima pelo João, tive que rebater porque ele não despega do deputado que foi de modo a olhar o mundo dos seus camaradas pelo óculo de quem, estando de fora, vê ou melhor sente na pele o desvario. Praticamente, ele não admite que houve ou há corrupção, mesmo quando eu lhe digo que a procissão durante quase todo o nosso período democrático de políticos do CDS, PSD, PS pelos tribunais tenha sido ininterrupta. Objecta que foram todos absolvidos. Respondi: “pudera! As centrais de advocacia são lugares especializados em santificar os gatunos e os corruptos.” E acrescentei mais sereno: ”De duas uma: ou o Ministério Público é constituído por incompetentes e inventores de factos e os jornais seguem-lhes os passos ou os milhões que desapareceram e a riqueza que os políticos não tinham antes de entrarem para o poder, foi heranças milionárias que as suas famílias na maioria de classes pobres mandaram imprimir nas rotativas da Casa da Moeda. Porque o facto é que em menos de uma geração, os políticos, os gestores públicos, os homens da Banca estão multi-milionários e nenhum está ou esteve na cadeia. Não se sabe de onde veio tanto dinheiro quando, alguns, chegam a apresentar no IRS como ganhos o salário mínimo! Gozam com o pagode ou pensam que somos todos uma cambada de atrasados mentais. E disse ainda: “O que se tem gasto nos tribunais para esclarecer tudo isso, tem-nos costado a nós contribuintes milhões de euros e já antes de escudos em impostos.


         - O editor que me recebeu com simpatia, no decorrer da nossa conversa de quase uma hora, contou-me a história trágica de um autor pelo que percebi se pavoneia nos ecrãs de televisão, a quem teve de oferecer toda a edição porque não vendeu nem meia dúzia de livros. O autor disse que não queria, mas o editor insistiu que não tinha espaço para aqueles milhares de exemplares e aconselhou-o a oferecê-los aos amigos, ao gato e ao cão. Apresenta-se o homem com o propósito de levar meia centena. Diz-me o meu futuro editor (?): “O que ele descobriu quando chegou a casa, é que na bagageira do carro estava quase toda a edição.”