domingo, maio 21, 2017

Domingo, 21.
Registo para memória futura: em 1972 os portugueses economizavam 30,5 %, em 2016 apenas 4%. Este resultado presta-se a duas interpretações: os nossos concidadãos mais velhos tinham o bom hábito dos pais e, por isso, não se deixavam tentar pela sociedade de consumo, ou os modernos cidadãos têm pouco dinheiro e o pouco é gasto nas porcarias sedutoras que lhes impinge a TV e a publicidade.

         - A Arábia Saudita estendeu a passadeira vermelha para receber o casal Trump que saiu pela primeira vez dos Estados Unidos em visita oficial a vários países incluindo o Vaticano. Que foi o homem fazer ao país do petróleo e da descriminação política e sexual? Que pergunta, rapaz! Comercializar, negociar, pois, então! O quê alma de Deus? Ora, o quê! Armamento. Nada mais nada menos que 100 biliões de dólares! O rei mono da Arábia tem medo dos vizinhos entre eles o Irão. E vai daí toca de abrir os cordões à bolsa. O que fazem os negócios! E lembrar-me eu de tudo o que disse o Presidente dos Estados Unidos do Islão, e tudo do resto! De caminho uma parte das armas vai parar às mãos do Daesh que Trump diz combater com unhas e dentes. Que salada este nosso mundo de loucos!

         - “Tu que és culto e inteligente falas em tacho! Esse é o discurso da direita” dizia-me o João outro dia quando o confrontei na história do enriquecimento súbito dos políticos, esquecendo-se ele que eu incluía no rol também os corruptos da direita. Afirmei igualmente que o mundo dos políticos não tem perdão e é aos cidadãos que compete ter todo o tipo de discurso porque são eles os prejudicados. Veja-se o caso do Brasil. Aquilo é tudo um bando de ladrões e penso que não vai haver saída para aquele inferno e infortúnio do povo, senão outra vez a ditadura militar – isto se os oficiais não estejam juntamente tocados do mesmo veneno.


         - Ontem andei até tarde arpoado a um grupo de gente vinda da Amadora para um dia cultural. O João Corregedor, ficou de aparecer aqui, mas a última hora telefonou a desmarcar. Teria as suas razões. Em vez dele veio o Virgílio e o Carlos e com eles e mais o grupo de veraneantes, abancámos num restaurante em Setúbal para um almoço que durou até ao fim do dia e de onde tive dificuldade em me levantar devido ao calor e ao vinho que correu sem cerimónias e pôs aquelas almas a dançar o Vira. Às tantas, farto, desafiei o Carlos e fomos dar uma volta pela Av. Luísa Todi e depois entrámos no museu do Virgílio para a visita com o restante grupo e o confronto com a obra do artista. Bom. Sobre o que penso das peças, já nestas páginas me manifestei. Agora, o que encanta e surpreende, é a capacidade alcoólica do Carlos e do Virgílio. Aquele, apesar de bêbedo sem cair, mantinha a memória intacta e os seus conhecimentos pareciam avivar-se mais ainda. Estar com ele é um prazer e uma bênção. O que se aprende sobre História de Arte, sobre mármores (ontem especialmente), sobre uma infinidade de coisas curiosas! O seu cérebro é uma máquina registadora daquelas que antes existiam nas empresas; este descalço no restaurante, solicitando-me a dada altura uma cama em minha casa, apesar do muito que todos enfardaram, ainda conseguiu (embora atarantado), responder às questões que os visitantes lhe punham. Aos oitenta e cinco anos! É obra, caramba!