Domingo,
21.
Registo
para memória futura: em 1972 os portugueses economizavam 30,5 %, em 2016 apenas
4%. Este resultado presta-se a duas interpretações: os nossos concidadãos mais
velhos tinham o bom hábito dos pais e, por isso, não se deixavam tentar pela
sociedade de consumo, ou os modernos cidadãos têm pouco dinheiro e o pouco é
gasto nas porcarias sedutoras que lhes impinge a TV e a publicidade.
- A Arábia Saudita estendeu a passadeira
vermelha para receber o casal Trump que saiu pela primeira vez dos Estados
Unidos em visita oficial a vários países incluindo o Vaticano. Que foi o homem
fazer ao país do petróleo e da descriminação política e sexual? Que pergunta,
rapaz! Comercializar, negociar, pois, então! O quê alma de Deus? Ora, o quê! Armamento.
Nada mais nada menos que 100 biliões de dólares! O rei mono da Arábia tem medo
dos vizinhos entre eles o Irão. E vai daí toca de abrir os cordões à bolsa. O
que fazem os negócios! E lembrar-me eu de tudo o que disse o Presidente dos
Estados Unidos do Islão, e tudo do resto! De caminho uma parte das armas vai parar
às mãos do Daesh que Trump diz combater com unhas e dentes. Que salada este
nosso mundo de loucos!
- “Tu que és culto e inteligente falas
em tacho! Esse é o discurso da direita” dizia-me o João outro dia quando o
confrontei na história do enriquecimento súbito dos políticos, esquecendo-se
ele que eu incluía no rol também os corruptos da direita. Afirmei igualmente
que o mundo dos políticos não tem perdão e é aos cidadãos que compete ter todo
o tipo de discurso porque são eles os prejudicados. Veja-se o caso do Brasil.
Aquilo é tudo um bando de ladrões e penso que não vai haver saída para aquele
inferno e infortúnio do povo, senão outra vez a ditadura militar – isto se os
oficiais não estejam juntamente tocados do mesmo veneno.
- Ontem andei até tarde arpoado a um
grupo de gente vinda da Amadora para um dia cultural. O João Corregedor, ficou
de aparecer aqui, mas a última hora telefonou a desmarcar. Teria as suas
razões. Em vez dele veio o Virgílio e o Carlos e com eles e mais o grupo de
veraneantes, abancámos num restaurante em Setúbal para um almoço que durou até
ao fim do dia e de onde tive dificuldade em me levantar devido ao calor e ao
vinho que correu sem cerimónias e pôs aquelas almas a dançar o Vira. Às tantas,
farto, desafiei o Carlos e fomos dar uma volta pela Av. Luísa Todi e depois
entrámos no museu do Virgílio para a visita com o restante grupo e o confronto
com a obra do artista. Bom. Sobre o que penso das peças, já nestas páginas me
manifestei. Agora, o que encanta e surpreende, é a capacidade alcoólica do
Carlos e do Virgílio. Aquele, apesar de bêbedo sem cair, mantinha a memória
intacta e os seus conhecimentos pareciam avivar-se mais ainda. Estar com ele é
um prazer e uma bênção. O que se aprende sobre História de Arte, sobre mármores
(ontem especialmente), sobre uma infinidade de coisas curiosas! O seu cérebro é
uma máquina registadora daquelas que antes existiam nas empresas; este descalço
no restaurante, solicitando-me a dada altura uma cama em minha casa, apesar do
muito que todos enfardaram, ainda conseguiu (embora atarantado), responder às
questões que os visitantes lhe punham. Aos oitenta e cinco anos! É obra,
caramba!