domingo, maio 14, 2017

Domingo, 14.
Chou-Chou é hoje empossado. Veremos o que se segue. Dou-lhe dois por cento de confiança. E já é bastante atendendo ao grau de amadorismo que temos visto.
  
         - Ontem, longa conversa com um amigo a propósito de Fátima e da vinda do Papa Francisco a Portugal. A dada altura ele pergunta-me onde está “afinal” Deus. Não respondi por acanhamento, talvez precisando da escrita como capa de resguardo ou tocado pelo sentimento de que há respostas que necessitam do aconchego da fé.  Onde está Deus? Respondo: Ele está inexplicavelmente em todo o lado. 

         - Nas cerimónias de Fátima não se viu o cardeal de Lisboa – ele não deve apreciar o Papa dos Evangelhos que é Mário Bergoglio.

         - É sempre comovente ver alguém recolhido em oração. É inquestionável que a Cova da Iria possui qualquer coisa de etéreo, que nos interpela e subjuga de consolação, independentemente do muito que se possa dizer dela e do quanto tirou o Estado Novo, a Igreja e os aproveitadores de hoje de proveito. E já agora também os jornalistas e comentadores, de bocas plenas de asneiras e verborreia, que não se calaram um momento, deixando o silêncio vibrar na oração.  

         - O Público de hoje, parece a bandeira da reconstrução do país, desfraldada na capa. Os portugueses nunca foram tão felizes, cumprindo integralmente os valores por que lutou a esquerda durante cinquenta anos de salazarismo: de manhã Fátima, à noite futebol e à meia-noite, enfim, a vitória nas cantilenas da Eurovisão. Com um detalhe que faz, contudo, a diferença: o vencedor pensa, não pertence à classe dos zumbis, e atreve-se mesmo a dizer que “a música não é fogo de artifício”. Eu, no que a mim me toca, costumo afirmar que “o romance não tem por função contar histórias de embalar”. Estamos entendidos?