sábado, março 09, 2024

Sábado, 9.

Avoluma-se a minha convicção de que este ano a Europa e o mundo envolver-se-ão numa guerra. São tantos os sinais que até me arrepio. Macron já anunciou descida nas reformas e desistiu de indexar o aumento dos salários à inflação., porque a França está a ver tudo negro e o investimento em armamento é primordial. A versão portuguesa é como sempre trolaró. O que interessa a esta gente irresponsável são promessas, camuflar as situações, prometer o que não têm, tudo em favor de uns quantos para quem a tonada do poder é essencial às suas vidas. Biden vai fazer uma grande plataforma flutuante em Gaza para fazer chegar alimentos aos palestinianos esfomeados e a morrer abandonados à sua sorte. É meritório. Melhor seria deixar de vender armas a Israel e não estar conluiado com Netanyahu. Cheira a cinismo quando o que está verdadeiramente em jogo é a sua recandidatura. Que espero a ganhe, porque o adversário de tão idiota e mentecapto, que devia era estar atrás das grades há muito tempo. 

         -  Antes que me esqueça, esta feliz coincidência a propósito do romance de Lídia Jorge. Eu disse aqui que quando o acabei de ler, emocionado, beijei o livro. Dias antes ou depois, a autora deu uma longa entrevista ao Expresso, jornal que não compro vai para dez anos.  Soube não sei como desse diálogo e como sei que o João Corregedor o compra, pedi-lhe me fizesse fotocópias do que disse a autora de Misericórdia. Acontece que o romance arrebatou vários prémios, entre eles, o Médicis Étranger. Vou citar a escritora: (...) “o Le Monde escolheu 17 livros, e houve uma escritora francesa que, ao acabar de ler o livro, o tinha beijado e abraçado”. Evidentemente, eu desconhecia este facto e quando o li nas fotocópias do meu amigo, sorri de satisfação. Como se costuma dizer les beaux esprits se rencontrent.

         . Ontem, tendo passado perto do Corte Inglês e para satisfazer a amabilidade de uma funcionária (brasileira), entrei para ver a mesa de jardim que ela me propunha. Acabei por ir à livraria (no mesmo andar). Comprar um livro e lê-lo, é acrescentar um ano mais de vida, no caso Sonata para Surdos de Frederico Pedreiro – um dos poucos escritores portugueses que me cativa.  

         - Depois, como deambulo sempre com o tricot, fui tomar café e sentei-me durante hora e meia a trabalhar no rés-do-chão. Não sei se o que escrevi me agradou, desconfio que não. Todavia, mesmo que venha a destruir a página, ninguém me tira aqueles instantes mágicos de efervescência serena.