quarta-feira, março 27, 2024

Quarta, 27.

Enquanto António Costa, mantendo a sua formidável capacidade de propagandista, se despede lançando perfumes de realizações político-sociais, o partido que ele elegeu e cresceu desmesuradamente, paralisa o país no lugar onde era suposto renascer a democracia. Os deputados, os antigos e os recentes, foram pela noite adentro em logradas votações para eleger o Presidente da Assembleia da República. Foram três as tentativas – todas abortadas. O espectáculo segue dentro de momentos.

         - Se me permitem, aqui deixo um parecer que vale o que vale: se depender de Marcelo, o PS volta a ser Governo em breve. 

         - Há dias fui almoçar com o Carlos a um restaurante simpático, dirigido por um casal de velhotes, ali para os lados do que é hoje (ou vai ser) o edifício do Governo ex-CGD. Serviram-me salsichas frescas embrulhadas em couve lombarda, acompanhadas de arroz branco, um pitéu que eu não saboreava há mais de dez anos. Ficámos à mesa duas horas a recordar este e aquela, a falar tranquilamente da vida passada e futura, num remanso de quem não se via desde o começo do mundo.  

         - O Inverno mais rigoroso voltou. Decerto, devido à baixa temperatura, vou ter que acender a lareira. Ventos doidos passam por aqui ensandecidos de braço dado com chuva torrencial. Na Serra da Estrela neva. Não obstante, saí para me refugiar num café aqui perto e avançar no romance. É uma obsessão, confesso. Mas que fazer se é nele que encontro a motivação para continuar a viver.