domingo, março 17, 2024

Domingo, 17.

Aquilo a que o Estado Novo chamava eleições é rigorosamente o mesmo que Putin reivindica hoje para si. Ele não é um ditador, embora se tenha proposto ficar no poder até 2036, tenha assassinado os que lhe faziam frente, tenha controlo absoluto sobre as mesas de voto e votantes, vigie cada cruzinha no falso boletim de voto onde só ele existe e mais dois ou três hilotas a dar cobertura à reeleição do fascista. O Bartoon de Luís Afonso no Público é uma graça de inteligência e sátira: os dois cromos discutem a eleição de Putin e o remate é este: “Nestas eleições é que as empresas de sondagens deviam ter apostado, para mostrar como acertam nos resultados.” 

         - E no entanto, para os nossos nostálgicos comunistas e associados, Putin é um democrata de primeira água. Ele e os outros capangas da China e Coreia do Norte que procedem de igual modo, são democratas ou social-democratas ou capitalistas-democratas não sei bem. O que sei é que são irmãos, quero dizer, almas-gêmeas que defendem até à última gota de champanhe e ao derradeiro bocado de caviar, aquele que tem sabido levantar o nome de Marx e Lenine através dos tempos capitalistas capitaneados pelos EUA. 

         - Estamos na semana quaresmal. Pelo facto, troquei a missa habitual pelo trabalho aqui que foi muito e variado. Todavia, não posso deixar de anotar o magnífico texto de frei Bento Domingues: 

“Não é o que faz sofrer que nos salva. O elogio do sofrimento não é necessariamente cristão. Supor que Deus gosta do sofrimento, é um insulto ao Deus da vida. O cristianismo neste mundo – ao contrário das aparências -, é para descrucificar as pessoas, não para as torturar.” 

“Não é para morrer nem para sofrer que viemos ao mundo. O sentido do cristianismo não é a cruz, mas a Ressurreição, a plenitude da vida.” 

É bom saber que o que nos salva e o que nos perde: gastar a vida de forma que dê mais vida ou gastar a vida para dar cabo da vida dos outros.” 

Esta visão do nosso destino terrestre, é absolutamente surpreendente e vai contra a doutrina que a Igreja durante séculos nos incutiu e eu nunca compreendi e no meu íntimo não aceitei porque sempre me recusei ver Deus como o castigador, o vingativo.