quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Quinta, 1 de Fevereiro.

A França parece estar em revolução. Os agricultores bloquearam praticamente todo o país e Macron vai ter que negociar com eles em antecipação da senhora Le Pen. Os espanhóis, alemães, belgas e até em volta do Parlamento Europeu, há barragens destes bravos homens e mulheres que deixaram de confiar nos políticos. À pressa, ontem, a nossa ministra da Agricultura de uma mediocridade que faz pena, veio anunciar novas medidas de ajuda aos homens do campo. Estes responderam-lhe: “Paga antes o que nos deves há um ano.” Por cá, seguindo o ímpeto da revolta, os nossos agricultores bloquearam timidamente as fronteiras com Espanha. Fazem-no de olhos postos na polícia que vigia as passagens dos automóveis particulares. Eu, se bem conheço os franceses, garanto que a coisa não termina sem escaramuça com os agentes da autoridade. De mentira em mentira se fazem hoje os governantes.  

         - Estas formas de governar, fazem crescer os extremos da direita e esquerda. O PS raramente fez uma lei que não tivesse sido modificada dois ou três dias depois. O poder é uma obsessão que contagia esta leva de gente que o obtém para proveito próprio. Não governam para as pessoas, fazem-no para o gangue que os sustêm. Os projectos-lei não são estudados, avaliados, comparados, consistentes e bem preparados. Saem dos ímpetos das massas em luta por aquilo a que têm direito, mas que os políticos não governando para o todo, ignoram. Não há classe social alguma que tivesse obtido direitos sem luta. Quando devia ser o contrário. Aos governantes compete olhar por todos. É mais revoltante quando à governação se junta a ideologia. Porque esta é volátil, serve quem a pratica, e na prática não estabelece fronteiras demarcadas. Exemplo. Haverá diferenças de referência entre socialistas e social-democratas? Estamos porventura ainda no século XIX? 

         - Outro triste facto: Portugal desceu 3 pontos na tabela da corrupção nos últimos dez anos. 

         - Fecho com esta notícia fresquíssima lançada pela revista Visão: “Pedro Nuno Santos recebeu 203 mil euros em subsidio de deslocação (entre 2005 e 2015), apesar de ter casa em Lisboa.”  É tão bom ser deputado, ministro ou ter qualquer outra forma de vida pendurada no Estado. Segundo o magazine outros deputados foram investigados, mas a coisa morreu de imediato, abafada. É por estas e muitas outras, que a juventude diz ao Chega – chega-lhes. 

         - A Piedade esteve aí. Enquanto ela limpava o salão, fui abrir buracos na terra para plantar dois sacos de tudo e mais alguma coisa que trouxera do jardim da Alice. De seguida fui fazer natação, almocei,sentei-me lá fora a ler o jornal e Marco Túlio Cícero. O dia abarrotava de beleza, o campo é o seu reflexo., nós a sua justificação.