sábado, fevereiro 17, 2024

Sábado, 17.

Coisa maravilhosa: pela primeira vez depois do meu susto, entrei no romance a avancei meia página. Teria estado no Corte Inglês uma hora a trabalhar antes de a foule surgir de todos os lados inundando o rés-do-chão até então vazio do vozeirão à portuguesa, quero dizer, aos gritos. Cheguei a Lisboa muito cedo, o computador na mochila, para levantar os exames que devo levar segunda-feira ao cardiologista. Pelo vi, nada de especial a assinalar, todos os parâmetros estão nos conformes e até o colesterol desceu sem sinvastatinas, apenas com o Danacol. 

         - Putin, depois de mandar matar o seu adversário, não quer entregar o corpo de Navalny como lhe pede a família. Mesmo morto, o tirano entende que tudo lhe pertence, a vida e a morte, o corpo e as dores dos entes queridos, mulher e dois filhos. Este fascista deve morrer em breve.  

         - Por cá é a mediocridade habitual. O mundo fervilha na iminência da hecatombe, mas os nossos políticos entregam-se a coisinhas, a blasfemiazonas, a ódios de estimação, a alienação partidária, ao faz-de-conta, ao trivial de promessas, ao brouhaha que nada diz nem acrescenta de essencial, aos insultos, num espectáculo degradante que vai deixar em casa a maioria dos portugueses por não haver gente competente, séria e à altura do país. Eu não vi um único debate televisivo e não senti precisão. Aprendi com os jovens a alhear-me desta gentalha vaidosa, convencida, vulgar e nas tintas para as pessoas. Portugal não vai ficar bem entregue a nenhum deles - infelizmente. 

         - A corrupção vai continuar e até aumentar com truques refinados que escapam ao olho do juiz. Como agora com o triste escândalo da Madeira que envolveu empresários e políticos e fez cair o Governo. Três arguidos foram detidos mais de duas semanas, por a PJ ter encontrado nas suas residências envelopes no montante de 679.500 euros. De súbito, os três da vida airada, são soltos porque o juiz de instrução, um tal Jorge Bernardo de Melo, entendeu não haver indícios de crime. Afinal de contas, qualquer cidadão pode ter em casa ou na sua posse o montante em notas que quiser. De onde veio tal importância? O doutor juiz não tem nada a ver com isso. E pronto. Melhor: e “prontos” (para falar como eles). Os políticos, nomeadamente, António Costa que repetia à exaustão “à política o que é da política, à Justiça o que é da Justiça”, querem agora refazer por conveniência todas as estruturas do Código Penal e da Procuradoria da Justiça. Há mais de vinte anos que eles andam a falar na reforma da Justiça, mas não o fazem porque a corrupção que eles sustentam não deixa. Eles são os principais interessados em protelar tal iniciativa. 

O rapaz era fresco. Dizia-se ao tempo que uma photomaton assim produzida, era obra de um tipo peneirento.