quinta-feira, janeiro 04, 2024

Quinta, 4.

Retomemos a vidinha salteada nacional onde os anos se sucedem e nada se altera a começar pelas palestras insuportáveis de Marcelo a acabar (ufa! esperemos) na propaganda barata de Costa. Costuma-se dizer que quem muito fala, pouco faz. É o nosso caso. Somos palradores, patetas, humildes, indisciplinados, contentamo-nos com pouco, um jogo de futebol semanal, um fim-de-semana festivaleiro com os “artistas” saídos da fornalha televisiva, apostamos no maior banha da cobra, e depois carpimos raios e coriscos porque não passamos da cepa torta. 

         - E todavia, todavia. Bons cérebros não nos faltam, gente que pensa também não. É uma minoria? Talvez. Mas de que servem as maiorias quando são idiotas, básicas, facilmente manobradas. “E Portugal... (pergunta António Barreto) Uma oligarquia socialista dominante tem vindo a ocupar o país e as instituições. Acrescentou-se e ultrapassou-se uma clique social-democrata que durante alguns anos se banqueteou (atenção estas palavras não são minhas, pode parecer mas não são). Ambas se adicionaram à cleptocracia corporativa que só aparentemente tinha desaparecido.” Posso continuar? “A venda desbragada de património nacional, das terras às águas, das empresas à habitação, tem transformado o país não num primor de eficiência, mas sim num universo de vida airada e descalabro.” E os partidos, os nossos queridos protectores, os guardiães da democracia? Senhor António Barreto, aproxime-se: “... aliás em Portugal, hoje, nenhum partido merece que se vote nele pelo que é. Nem a direita nem a esquerda. O PCP “persiste em afirmar que representa todos os trabalhadores, que a história sempre lhe deu razão. Até à derrota final. Até ao desaparecimento eleitoral.” O Bloco “nunca fez nada de jeito que lhe dê qualquer espécie de currículo, qualquer folha de serviços prestados à sociedade.” O Chega não merece o voto só porque protesta, denuncia  e ataca. Não é convincente, não tem políticas. A IL parece saída de uma produção laboratorial. É só mais um partido, sem currículo ou experiência, a vender camisolas de lã no deserto.” Conclua, senhor articulista: “Nas próximas eleições (...)  votar de acordo com compromissos , em vez de repetirmos os gestos do sonâmbulo. Votar em compromissos é do que votar em rebanho.”  Posso meter a colher? O problema dos compromissos, é que nenhum partido faz o que diz e a democracia não tem meios para os fazer cumprir o que prometeram. Se me permitem, porque vem a propósito, que entre a minha escritora querida Lídia Jorge: “Dizer a verdade tem de ser mais importante do que pertencer a um grupo.” 

         - Vivo revoltado. Abre-se-me o coração quando vejo a tristeza a que chegámos nestes últimos oito anos de governação (ainda por cima) dita socialista. Os maiores desastres são nitidamente por incompetência, agremiação partidária, observância daquilo a que chamam filosofia de esquerda, com a sociedade cada vez mais estandardizada entre direita e esquerda. Paradoxalmente, tendo sido o PS o criador do SNS, é hoje o seu coveiro. Neste período sinistro de governação Costa, o número de portugueses que aderiu ao cartão de saúde privado (se não me engano) anda por 60 por cento. Ninguém hoje tem confiança no SNS porque o espectáculo horrendo de doentes a dormir no chão dos hospitais, 19 horas de espera para serem atendidos, pessoas a morrer por abandono (tive conhecido a semana passada de uma médica na sequência de uma queda), tudo isto em oito anos!!! Como podem os idiotas que nos governam pedir votos, quando os escândalos de má governação e negociatas caiem como tordos nas folhas dos jornais dia sim, dia não. Até ao fim, vão-se descobrindo negociatas sem dar cavaco aos contribuintes. O fulano amador de política, secretário-geral do PS (julgo que é assim que se diz), comprou como se o dinheiro fosse seu, quando foi ministro, uma percentagem dos CTT. Só agra foi descoberto. Imaginem se o homem vira primeiro-ministro! 

         - Outro escândalo que diz bem como fomos abandonados à nossa sorte, é o recomeço das greves. Ontem consegui ir e vir a Lisboa sem problemas porque viajo no Fertagus que é privado e anda sempre a horas e só faz greve quando é forçado pelos príncipes das infra-estruturas. Estes, decidiram juntar ao fim-de-semana duplo mais a quarta e quinta-feira desta semana. Umas férias de Natal para suas excelências que pertencendo a Intersindical, se estão nas tintas para os passageiros que trabalham no duro e não podem fazer greve e ainda por cima pagam adiantadamente o bilhete.  Eu sou dos que voto por alteração da lei da greve. 

         - Vou fazendo como e quando posso. Numa aberta de sol, pego na roçadora e corto a eito porque não gosto de ver o chão em redor da casa coberto de erva alta. Em contrapartida, há duas semanas que não vou à piscina. Talvez amanhã porque recusei fazer parte no almoço de uns dez em torno do Guilherme. O João que organizou a repasto, escolheu um restaurante que eu detesto, dirigido por um homem que foi (e é) devoto do Putin e me recuso a ouvir sermões que entoam loas às estrelas aos sois e luas comunistas. Além de que, devido ao estado cognitivo do meu amigo, não sou de opinião que o sujeitem a um convívio com tanta gente. Ainda por cima longe do seu restaurante na Doca de Belém.