domingo, janeiro 28, 2024

Domingo, 28.

A banalidade da corrupção está instalada. É arrepiante ver a corrida ao poder quando os que lá estiveram roubaram o suficiente para terem uma reforma descansada e os novos no anseio de lhes roubarem a cadeira, nem questionam a gravidade das acções criminosas levadas a cabo por quem querem substituir. O PS e o PSD são os campeões da corrupção, do compadrio, do assalto ao poder. O Chega arvora-se em justiceiro, mas é só porque nunca esteve próximo do tacho, como diria Julien Green. 

          - Ontem mais uma grande manifestação em Lisboa e noutras partes do país contra a falta de habitação que em oito anos nunca preocupou António Costa e os socialistas. Ele que andou a vender e a comprar casa própria mostrando habilidade no conhecimento de mais-valias de uma para outra residência. Os polícias dormiram ao relento na escadaria do Parlamento e não desistem de ser comparados aos seus colegas do Ministério Público. Por todo o lado, não obstante o eclipse do primeiro-ministro, os seus estragos perseguem-no para todo o lado. O seu sucessor, apregoando o socialismo de esquerda, jura que nunca pertenceu àquele onde está filiado o seu camarada Costa. Parece uma conversa de loucos, de gente avariada da cabeça, com lata para tudo posto que esteja em causa o poder.  E toda esta miséria e desorganização num país de “contas certas” !!! 

         - Uma criança de dez anos foi sodomizada com o cabo de uma vassoura por um grupo de colegas da escola que frequenta, no Norte. Entre os pequenos criminosos, encontra-se um irmão da vítima. É arrepiante. Se esta é a juventude que o Portugal democrático está a criar, então está tudo putrefacto e nada de bom medrará desta qualidade humana. 

         - É absolutamente urgente ver a exposição O Tesouro dos Reis patente na Fundação  Gulbenkian. Muito do que ali se expõe, veio da curiosidade e da sensibilidade de Calouste Sarkis Gulbenkian que passou a infância pelos lugares histórico-religiosos da Terra Santa. São obras de arte religiosa de incrível valor artístico – ourivesaria, mobiliário, têxteis -, espécie de desafio aos reis entre si, que governaram as grandes nações do mundo, quando os papas exerciam não só o poder temporal como o religioso. Roma era o centro político, o papa tanto coroava reis, como os excomungava. As grandes questões político-internacionais, tinham de ter a bênção papal, um simples casamento real, uma adopção familiar, um acordo internacional. Tudo era político, o mesmo é dizer, religioso. Daí as oferendas à Basílica do Santo Sepulcro de peças impressionantes de magnificência, carregadas de ouro, prata, pedras preciosas que os franciscanos desde tempos imemoriais, guardiães do lugar onde se pensa ter sido enterrado Jesus Cristo,  recebiam. Há certas peças, relicários, por exemplo, onde faltam pedras preciosas. Eram os discípulos do Poverello que as extraíam para arranjarem comida porque a fome era muita. Portugal, naturalmente, também embarcou naquele delírio e numa das salas vêm-se casulas com as armas de Portugal e Espanha. O significado histórico e político é, talvez, o aliciante primeiro desta exposição, que retrata sobretudo o temporal que a Igreja aproveitou em desprimor do sagrado. A Igreja de Roma, ao longo dos séculos, tem muitas contas a prestar a Deus. Até hoje. 





        - Outro dia ao terminar a obra de Lídia Jorge de que me ocuparei mais tarde, instintivamente, beijei o livro. Nunca tal me havia acontecido.