terça-feira, junho 13, 2023

Terça, 13. 

Antes que me esqueça, quero deixar um louvor à jovem médica de Medicina Interna, Dra. Diana Carvalho Pereira, que teve a coragem de denunciar as práticas hediondas dos seus colegas no Hospital de Faro. Enfrentando a sua pouca prática médica, mas sabendo já distinguir como se tratam os doentes, investe sobre os seus colegas barões da medicina, que se permitem causar danos irreparáveis aos pacientes. Foram 11 os casos de erros e negligência no serviço de cirurgia entre Janeiro e Março deste ano. Três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão no corpo associada a erro médico, que vai da castração acidental, perda de rins à precisão de colostomia para o resto da vida. Na altura os médicos-funcionários públicos irresponsáveis, riram-se da sua queixa e abandonaram-na na prática corrente do exercício da medicina. Hoje estão todos suspensos e vários a contas com a justiça, a Ordem dos Médicos, o Hospital de Faro. Sábado passado, a Dra. Diana Pereira escreveu um artigo no Público (por sinal muito bem escrito, coisa rara na classe médica) em que diz: “É suposto fazer o luto por cada doente que morre.  Não é suposto desvalorizar porque “é mais uma vaga”, como em tempos eu e outros profissionais ouvimos dizer, perante uma verificação de óbito.” Claro está, estes médicos são a vergonha de uma classe, grosso modo, diferente. Por isso, daqui agradeço a Dra. Diana Carvalho Pereira o seu gesto arrojado. E para provar que nem todos os clínicos são deste quilate, há uns anos já, vi o meu amigo Dr. António Nunes, escrever preto no branco que um colega tinha feito um erro grosseiro num acto médico.  

         - Ontem fui com o João Corregedor à Feira do Livro. Almoçámos por lá e ficámos que tempos à conversa na esplanada. Não se falou propriamente de política, mas abordou-se o estado calamitoso em que vivemos sob a égide de António Costa. Eu disse-lhe: “Embora não aprove nada do que Costa tem feito (ou não tenha o que vem a dar no mesmo), mas não esqueço que ele é um democrata ferrenho. Dois exemplos: quando da covid-19 ele podia ter controlado isto tudo e, pelo contrário, portou-se com dignidade dignificando democracia. Outro: Os governos anteriores ao seu, andaram de joelhos diante da UE, ele ergueu-se, erguendo-nos impondo a sua visão económico-financeira, forçando a sua personalidade e saindo vencedor do desprezo que antes a União tinha por Portugal. Ele colocou-nos em pé de igualdade. Longe vão os tempos em que o boçal Sarcosy e aqueles senhores dos países nórdicos e mais a Holanda, com desprezo a mão sacudindo para longe os que “só sabem gastar e não produzem nada”. De livros trouxe Pierre Hadot, Bohumil Hrabal, Katherine Mansfield, Paul Bowles, Seneca.  

         - Voltei à natação. Não aqui porque pelo arranjo da ruptura de um cano e substituição dos skimers, pedem-me uma fortuna. Talvez este ano não me aventure. 

         - A vinha é uma planta selvagem. Até onde os meus olhos se estendem, o mar castanho da desgraça ficou a magoar a paisagem, o dono destes muitos hectares nunca mais veio por aqui. Eis senão quando, a chuva caiu. Logo este espaço imenso sorriu de um verde cintilante transformando completamente o vinhedo morto num sopro de vida.