quarta-feira, junho 28, 2023

Quarta, 28.

Ontem fui visitar a Teresa Magalhães ao lar. Desde que vim de Paris que não tive oportunidade para o fazer e a ausência pesava-me já na consciência. Fui, pois, ao princípio de uma tarde quente, paralisante. Achei-a bem quando comparada com o desastre que observei no Hospital Santamaria e Capuchos. Falou, falámos, nem sempre para mim compreensível, mas já sem um grito, o semblante quase normal, o apetite voraz, o discurso corrente. O quarto estava climatizado, uma grande janela em frente quando se entra, deixava entrar a luz coada da tarde. Teresa quis ver o céu e pediu-me que levantasse as persianas, depois que corresse as cortinas e por fim que erguesse a cabeceira da cama para que pudéssemos olharmo-nos nos olhos, a sua mão na minha como fez questão de ter. Contei-lhe o que me havia dito o filho, Marcus, na Brasileira horas antes, os olhos rasos de lágrimas, um artista de uma sensibilidade doce e íntima (ele é músico nas grandes orquestras), segundo o qual esperava levar a mãe nem que fosse por um fim-de-semana ao seu apartamento no Chiado. Lúcida, Teresa, objecta que não será tão depressa. Mas quando lhe falo que a acho muito melhor e lhe digo que devia pensar em retomar a pintura, lembrando-lhe a última série de telas de uma interrogação psicológica profunda, ela acrescenta “e belas” provando que o seu cérebro já equaciona a memória e distribui respostas.   

         - António Costa diz que é o garante da estabilidade e não tenciona assumir qualquer cargo na UE aonde parece que o aguardam (no dizer dos seus correligionários). Esperemos, de pé, para ver. O seu percurso é muito parecido com aqueloutro, sempre de sorriso macaco (ex-MRPP), que ocupou um alto cargo em Bruxelas a par de negociatas e corrupção de toda a ordem, até que, em agradecimento, foi convidado a trabalhar no banco americano que serviu enquanto no cargo.  

         - Os ecos da impulsão do submersível onde morreram cinco pessoas não pararam. Soube-se agora que um dos donos do brinquedo, Stockton Rush, uma das vítimas, na fúria do lucro, substituiu o aço (mais resistente) do casco do brinquedo, por titânico mais barato.   

         - Putin, o ditador forte com pés de barro, está perdido no meio de tanta fraqueza, desonestidade, prepotência e desvario político. A propósito, dava tanto jeito ao PCP que fosse verdade estarem os EUA por trás da “traição” do assassino Prigozhin. 

         - Apanhei uma cesta de ameixas pretas. Como não poderei comer tal quantidade, farei compota. Um homem prendado assim, é de estimar...