sábado, junho 24, 2023

Sexta, 23. 

Annie ao telefone. Que força de vida! Que capacidade de se manter à tona do sofrimento! Falou com a voz de une petit fille rangée que sempre lhe conheci, pediu-me para lá ir em Outubro de modo a que “o tempo entre dois encontros não lhe pareça tão longo”. Pobre amiga que os anos pesando-lhe não a derrotam. 

         - “... linguam mostram in qua nati sumus.” Li estas palavras em Pessoa ou Vergílio Ferreira não me recordo, descubro-as agora em Actos dos Apóstolos.  

         - Embora me tenha deitado muito tarde, às seis da manhã já estava a regar. De seguida fui a Lisboa aviar uma série de coisas em atraso e, tendo entrado no C.I., encontrei os Couto todos a uma mesa a almoçar. Zitó que não via há algum tempo, estava óptima, o marido idem, o André como de costume num recuo de personalidade que não chega a desabrochar decerto próprio da sua natureza. Todas as voltas sob um calor sufocante. Talvez o dia mais quente até agora. 

         - Terminei o livro de Juízes na narrativa Deuteronomística ou seja dos líderes militares.  Apesar das gratíssimas notas de rodapé de Frederico Lourenço, todo o texto é confuso, profundamente abastado de contradições, espécie de desordem social a varrer as páginas cuja história, melhor dizendo, as histórias são muitas vezes perturbadoras e incongruentes.