segunda-feira, junho 26, 2023

Segunda, 26.

A propaganda a gente deixa-a para António Costa e seus apaniguados. A realidade é todavia outra e bem pode ele e o seu sucessor ex-ministro das Infra-Estruturas, Nuno Santos, que recentemente se louvou e apregoou resultados fabulosos por onde passou, TAP e CP. Assim, segundo o relatório Portugal, Balanço Social agora conhecido, a taxa de risco de pobreza ou exclusão social é de 22,4%, o que representa um aumento de mais de 250 mil portugueses em risco de pobreza ou exclusão social ou seja mais de um quinto da população. Por outro lado, os vinte por cento mais pobres detêm, em 2020, 10% do rendimento total do país, enquanto os 25% mais ricos ficam com 47 por cento. Estes valores, diz o estudo, aproximam-se muito de 2007, desperdiçando-se assim a evolução de uma dúzia de anos. Esta é directa a fanfurrice de Costa e à miserável prática política de sua excelência.

Quanto ao outro, enfant terrible do patrão, os números falam por si e contra sua arrogante excelência. Vejamos. O Público tem uma página online que acompanha os investimentos e trabalhos na ferrovia nacional. Leio (sem espanto nem dúvidas) que quase todos os projectos tardaram em arrancar e ainda mais a concretizar-se, “somando adiamentos e atrasos que fazem com que hoje, a três anos do fim do plano (de Fevereiro de 2016, dito Ferrovia 2020), ainda estejam por concretizar 18 dos 24 troços que estavam projectados para sofrer uma intervenção.” O grande plano ferroviário, foi lançado como tantos outros projectos socialistas: aos soluços e para a propaganda mais descarada. Diz o portal do diário: “O lançamento dos concursos públicos, as adjudicações, as consignações ou eram simplesmente ignoradas, limitando-se à sua comunicação no Diário da república, ou mereciam um discreto comunicado das Infra-Estruturas de Portugal (IP) ou do Governo, ou podiam ser alvo de uma apresentação mediática com direito a ministro ou primeiro-ministro.” E os números, os cifrões, os carcanhóis que para os socialistas nada representam nas necessidades nacionais e muito nos seus bolsos. “Só os atrasos nas obras dos vários troços somam já 26.880 dias, equivalente a 76 anos, tendo  sido gastos mais 19 milhões de litros de combustível pelos comboios da CP que podiam ter sido poupados, se as electrificações na rede tivessem sido finalizadas a tempo.” E passo as greves dos descontentes que tantos prejuízos têm causado aos passageiros.  

         - Fui à piscina com a roupa com que tinha estado pelas sete da manhã  a regar, a cortar as silvas que tomaram por completo uma laranjeira. O rapaz da recepção, vendo-me qual valdevinos sujo e roto, estranhou. Lembrei-me do pai de Miguel Ângelo que dizia ao filho: “Se quiseres viver velho, mantém a cabeça quente e não te laves nunca.”

         - Os intelectualoides da nossa praça, como outro dia um no Observador, vituperam José Milhazes na sua forma de falar e nos temas escolhidos frente a frente com o colega Nuno Rogeiro na SIC. O facto é que ele oferece mais garantias do que diz, embora não tenha o dom da palavra, nem se apresente como sabichão das dúzias, empinocado e de brilhantina no cabelo. Foi ele que primeiro nos alertou para o que viemos a ter servido a quente no fim-de-semana passado, quando despejou tudo o que sabia acerca do criminoso Yevgeny Prigozhin. Milhazes acreditou no mundo dourado do comunismo, viveu a experiência em Moscovo, recuou e hoje explica-nos como se deixou seduzir por uma doutrina de escravidão, falta de liberdade, aproveitamento da incultura de um povo que nunca viveu desafogadamente e foi escravo de sucessivos líderes marxistas-leninistas ou lá o que eram. Até porque não devemos levar a sério os comunistas portugueses de caviar e champanhe. Acabou de sair em português o livro de André Gide, Regresso da URSS. O grande escritor e prémio Nobel, quando voltou, deixou esta comprovação: "O comunismo não passa de um fascismo de direita.” A França pós-II Guerra, com o seu escol de intelectuais, esteve no limite de encalhar num regime comunista.