segunda-feira, junho 19, 2023

Segunda, 19.

O ministro do PS (como é que sua excelência se chama?) aquele importante, honesto, que não mente, nem persegue o poder, gosta de atravessar as ruas na limusine do Estado em total discrição, usa brinco não sei em que orelha, é tão zeloso que mandou classificar os documentos do Sistema Geral de Segurança da IP a que todos tinham acesso, sem que o vice-presidente da empresa tivesse conhecimento? Mas como é que o homem se chama que se me varreu o nome? Aquele que andou ao murro com o subalterno, mangas arregaçadas, aprendizagem nos bairros periférico de Nova Iorque, Londres ou Paris para não falar nos latino americanos! Possa, mas como é que uma personagem deste quilate foge do meu cérebro! Ainda por cima socialista. 

         - Eu tenho o hábito quando posso de ouvir ao domingo na Antena 2 o programa Café Plaza. O último teve como convidado António Calvário, o ilustre artista do meu tempo... hoje abandonado por estúdios de gravação, estações de rádio, televisões e grandes espectáculos. Que palavras sábias, que cabeça íntegra aos oitenta anos, que lições de vida, que voz!! Continua a trabalhar, mas foi afastado logo a seguir ao 25 de Abril e durante quatro anos de ostracismo viveu como pôde e sempre com dignidade. Depois surgiu o convite para fazer Revista à Portuguesa e o seu enorme talento ressurgiu com uma canção que andou anos na boca dos portugueses: “Mocidade, Mocidade.” Hoje luta por essa província fora a fazer espectáculos, a fazer aquilo para que nasceu, contra ventos e marés, contra a caganeira de canções e vozes estapafúrdias que por aí vai, temas não cantados porque não têm voz, não estudaram canto, falam sobre a música, toda ela banal, tuc-tuc ensurdecedor, poemas delico-doces para atrasados mentais, ou eróticos à maneira dos filmes pornográficos, formatados em karaokes de noites de bebedeira. Os grandes temas, musicados por grandes autores e compositores, quando a música era melopeia de sons que nos entrava no coração, servida por cantores de vozes sublimes, verdadeiras, nuançadas, aveludadas com arte e maestria, desapareceu absorvida por esta diarreia de vozes sem tonalidade, sem, como direi, melodia, analfabetos que se querem impor depois de terem passado por um concurso que não lhes ensina coisa nenhuma, mas serve para lhes agigantar o ego debilitado pela iliteracia e preencher os serões televisivos por truta e meia. E, todavia, há novos artistas com imenso talento – David Fonseca, António Zambujo, Salvador Sobral (depois da chacha da Eurovisão), Áurea, Catarina Deslandes – e um ou outro mais. À boa maneira dos países subdesenvolvidos, a comunicação social que os acompanha, concerta opiniões para não passar por analfabeta ou retrógrada. 

         - Assim, o alarido de desmaios que acontecem às meninas e aos meninos que se dizem universitários, cujos pais gastam uma pipa de massa para os fazer doutores, quando se confrontam com quase os mesmos salários dos técnicos disto e daquilo, portanto, hoje mais importantes que a turbamulta que as faculdades despejam no mercado, doutorados disto e daquilo, mas analfabetos. Somos o que somos, pequenos, ignorantes, convencidos, com o génio em cima puxado por sua excelência o Chefe de Estado. Mas o que Marcelo e os socialistas (não os serventuários, os de gema que os há embora em reduzido número), o que eles deviam dizer a esta juventude que só vê dinheiro, é que o ensino, a cultura é a base que engrandece um povo, o torna mais humano, mais civilizado, mais integrado no mundo de valores morais – o resto vem por acréscimo e vem quase sempre. 

         - A política andou sempre de braço dado com o futebol. Quem não se lembra dos bilhetes (gratuitos) que o corrupto Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, oferecia ao ex-ministro das Finanças, Centeno, para os jogos no estádio da Luz. Pois agora, soubemos hoje, António Costa foi assistir ao jogo ombro a ombro com primeiro-ministro Orbán, líder da extrema-direita, a convite do presidente da UEFA. Foi no Falcon 50 da nossa Força Aérea paga com os nossos impostos, ao invés de um avião privado pago pela pobre Organização. 

         - Andei a cortar os rebentos às oliveiras. Cheio de dores nas costas, fui fazer meia hora de natação. Dia equilibrado, quero dizer, trabalho reflectido no romance. Leituras, rien de rien.