segunda-feira, março 13, 2023

Segunda, 13.

Marcelo deu uma grande entrevista à RTP1. Não vi, não vejo. Tudo o que sua excelência tem para dizer, já ouvimos por aqui e por acolá, porque o andarilho não tem parança e fala pelos cotovelos. Todavia, pelo que leio nos jornais, construiu desta vez uma retórica diferente, atacando e bem os assuntos que estão na ordem do dia. Todavia, o que mais apreciei pela imagem que encontrei quando mudava de canal, foi o cenário litúrgico onde o facto aconteceu. Foi pensado, decerto, pela sua imaginação galopante e queria reforçar tudo o que disse acerca da Igreja e dos seus pedófilos. Cinco estrelas, ilustre Presidente. 

         - Estou de novo mergulhado nas madrugadas assustadoras. Antes de acordar completamente, regressam à memória todos os dramas pessoais e mundiais; assuntos pendentes há anos surgem nítidos ao raiar do dia, uma pressão imensa submerge daquele estado de lassitude que odeio e bem conheço. Há um rosário de todas as minhas frustrações, de todos os meus delírios, de todos os propósitos e intenções que vou procrastinando, porque assim que o dia se instala e eu deixo os lençóis, renasce em mim a esperança, a morte é sacudida para o inferno, o tempo surge latitudinário e inteiro repondo o equilíbrio, a confiança e a saúde que a mente devastada defraudou.  

         - Tive conhecimento, ontem, da morte de Alexandre Patrício Gouveia. Conheci-o como se costuma dizer de ginjeira. Era um homem misterioso sob vários aspectos e um crente que eu costumava dizer-lhe ter muitas contas a prestar a Deus. Amante de dinheiro, toda a vida o viu passar pelos dedos e pela vista, um e outra ávidos da abundância de modo a cegarem-no ante a humanidade que habita qualquer ser humano. Ultimamente, talvez para colmatar uma certa falta de cultura, injectou muito dinheiro em Aljubarrota e empenhou-se na Fundação que criou e na certeza de que o irmão que faleceu no desastre aéreo com Francisco Sá Carneiro, foi um crime. Consta que nem uma nota de cinco euros levou consigo. Paz à sua alma. As minhas orações de hoje, são por ele.

         - Vou almoçar e despachar-me para o Dr. Cambeta. Vou necessitar de ajustes na prótese do maxilar inferior e o meu amigo que hoje de manhã está a dar aulas na faculdade, virá depois do almoço ao seu consultório e receber-me-á com a sua generosa prontidão. Creio, contudo, que estes desajustes, têm origem no facto de ele querer ir demasiado depressa (três meses apenas) na aplicação dos implantes definitivos. O médico-cirurgião que colocou os implantes no maxilar superior, precisou de sete meses. Nesse entretanto, com medo de morrer desdentado e cruzar-me com o socialista François Hollande e ouvi-lo morder “mais um pobre desdentado”, pedi muitas vezes que fosse abreviado o tempo, sempre em vão e decerto com razão – tanto o pobre socialista como eu, ainda habitamos esta Terra abençoada por Deus.