quinta-feira, março 23, 2023

Quinta, 23.

Paris e várias outras cidades francesas está a ferro e fogo. Os franceses não querem trabalhar para além do 62 anos quando, por toda a Europa, só eles usufruem de tal benesse. Faz bem Macron em não ceder, ainda que eu pense que a senhora Marine Le Pen tem as portas escancaradas para lhe suceder. 

         - Que charabia vai pela Assembleia da República a propósito da lei da habitação! Nenhum partido, à excepção do PS, está de acordo com aquela manta de retalhos e nem as autarquias a querem implementar. Mas Costa é hábil na argumentação e puxa pela memória e junta uns pós daqui e dali, e atira-se ao PSD servindo-se do projecto do “sábio dos sábios” Cavaco Silva sobre o mesmo assunto. A nota dominante, é a de Marcelo o Presidente, que parece ter compreendido, enfim, que pôr a mão debaixo do discípulo “inteligente” é afundar-se com ele. A balbúrdia, os desastres, as complicações, o baixo nível de conhecimento dos seus ministros, mais a política de “cartaz” como eles agora dizem, a paralisia do país, a miséria que se instalou, moral e social, todo este clima de suspensão e tragédia, traduz um reinado de asfixia da tolerância e do desenvolvimento. 

         - O lado contrário, não fugindo do assunto, o que nos oferece o PSD é algo que foge completamente da realidade. Carlos Moedas, o autarca novo-rico, em bicos de pés, proclama estar mais atento ao padecimento daqueles que não têm casa e são obrigados a pagar quartos por uma fortuna. Vai daí, obras realizadas em prédios degradados, para “os pôr ao serviço das comunidades mais necessitadas” como, por exemplo, os estudantes. Só que a renda vai de 600 a 1000 e poucos euros/mês por quarto!!! Neste particular, não foge da imagem de António Costa, nem dos políticos de topo, vivem de tal modo desligados da população que nem se dão conta que a diferença entre os seus vencimentos e a do português médio, é de quatro mil euros por mês! Nem os empregados do PCP, que ganham em média 700 euros, se podem candidatar. Que grande decepção é tudo isto, esta classe governativa! Como é que tudo vai terminar?! O ensaio está feito com as greves sucessivas transversais a todas as actividades económicas e sociais. Resta aplicar a norma que as ditaduras costumam usar uma vez destruída a democracia: a anarquia, a instabilidade, a desordem.