terça-feira, fevereiro 14, 2023

Terça, 14.

A direita cresce como cogumelos graças à dita esquerda. Esta precisa de umas chicotadas como propunha “o grande educador da classe operária” Arnaldo de Matos que obrigava os traidores a denunciarem-se publicamente. Mas cresce de mãozinhas juntas, dedinhos contra dedinhos, na pose à Marques Mendes. 



         - Ontem ouvi o que tinha a dizer da sua vidinha o Miguelinho Sousa Tavares. Tenho simpatia e antipatia por ele, nunca o levei muito a sério e, com o tempo, evitei saber o que pensa disto e daquilo (porque o homem é como Marcelo - sabe tudo). Da apresentadora, Chiu! Retenho, todavia, uma frase que eu costumo deixar aqui: para mim (e pelos vistos para ele) basta olhar nos olhos dos políticos manhosos para se perceber ao vêm. Quando ele recordou a casa dos pais, senti um bate de nostalgia. E viajei para esses loucos anos passados na Rádio Universidade, especialmente uma manhã que encheu a tarde toda passada na Travessa das Mónicas a entrevistar Sophia, a mãe. Miguelinho estava lá e nunca mais me esqueceu, vá-se-lá-saber-porquê. Teve comigo algumas gentilezas que não esqueço. Está envelhecido como estamos todos nós e não vem mal ao mundo por isso. Revi-me nele e estou absolutamente de acordo com o que disse acerca da educação e excessiva proteção aos meninos e meninas de hoje. Bate aí a mão, camarada. 

         - Outro dia, no delírio de conversar sobre livros, não deixei o simpático livreiro sem trazer na mochila um livro de Jean D´Ormesson, a biografia de Simone Veil que há muito queria ler e Eric-Emmanuel Schmitt. Que tentação! 

         - Fui ver a Teresa ao Santa Maria. Pobre amiga! Peço a Deus que a ajude a passar este doloroso momento para ela, filho e amigos. João (tirei-o da quarentena em que o tinha posto depois do nosso almoço no 1900) telefonou-me a dizer-me se o acompanhava. Veio de lá impressionadíssimo. Eu encaro a vida e os seus casos de forma mais natural: o sofrimento, a solidão, o despojamento, etc..