quarta-feira, janeiro 18, 2023

Quarta, 18.

Ouvindo o novo chefe da armada do PSD, escutando-o atentamente, percebemos que estamos há muito entregues à bicharada. O complô entre políticos de vários partidos, nomeadamente, PSD, CDS, PS, não excluindo nenhum dos outros, constituídos sob uma espécie de máfia enrolada uns nos outros (aqui enrolar não significa isso...), numa irmandade de contas por liquidar, outras por acertar, outras ainda suspensas, todas de muitos milhares ou milhões de euros, num jogo onde aparentemente ninguém participa, mas todos estão de olho nele. 

         - Perdi-me completamente no balanço ao número dos biltres apanhados na malha da Judiciária e obrigados a deixarem os cargos públicos pelos ilícitos do costume. De todo o modo, eles (e elas) são tantos que sinto repugnância em trazer a este exercício honesto a lama nojenta em que se transformou a nossa vida em democracia. Tantos de nós esperaram anos a fio, tantos morreram sem nunca terem visto Portugal livre da opressão, do governo de poucos com a manápula assente nas costas de dez milhões, tantos foram perseguidos, maltratados, espezinhados por um regime odiento. E agora, menos de meio século em liberdade, estamos próximos de ficar de novo sob a pata de um qualquer ditador de esquerda ou direita. Tanto a esquerda como a direita, preparam o terreno, lançando sobre a democracia programas impossíveis que nos conduzirão à tragédia. Já cá não estão os homens sérios, impolutos, sábios, verticais que fizeram a primeira e a segunda legislaturas no pós-25 Abril. O Parlamento é hoje uma arena de touros enraivecidos, de ambiciosos, de gente sem cultura, de alçapões mentais onde fermenta o ódio, o racismo, o nojo do povo humilde e trabalhador, de arrivistas, de miuçalha periférica, sem preparação nem fundamentos éticos, lacaios pagos com nossos duros impostos, mas ao serviço dos partidos que são quem os orienta e conduz a manada de cordeiros mansos em que se transformou a outrora valente nação portuguesa. Um país governado por advogados, é um país onde as leis não serão respeitadas e os povos sujeitos ao confronto entre verdade e mentira e, portanto, apartados da Justiça. Valha-nos a Justiça divina. Não é por acaso que na maior parte dos países dirigidos por esta gente, a Cruz de Cristo foi deposta dos tribunais. Antes, os arguidos juravam de olhos postos nela, hoje... 

         - Fui à Brasileira porque prezo os amigos. O Virgílio Domingues, do alto dos seus 93 anos joviais e risonhos, há muitas semanas que me vinha reclamando presença. Lá estive, pois, em amena cavaqueira na esplanada, apesar do frio e da animosidade de certas personagens que me dizem quase nada. Voltei de imediato para casa onde almocei. Foi, com efeito, ir e vir. Contudo, no metro, no Fertagus, na rua tive pena das raparigas e rapazes e até outras criaturas mais velhas, trajados com uma simples T-shirt mas... com o corpo grafitado de carpetes chinesas, mantas persas, ceroulas (está na moda este ano) indianas. A tanto obriga a perturbação. Aquilo era ver neles a pele de galinha (porque estavam depilados) e nelas as mamas a espreitar a tiritar de frio! O que me pergunto quando me deparo com aquelas modernices é: quem ousará amar uma carpete, uma manta, umas ceroulas! Deve ser um susto acordar de noite com aquele estendal sinistro ao nosso lado!