domingo, janeiro 08, 2023

Domingo, 8.

Ando há anos a dizer que António Costa pelo seu temperamento e ambição, o seu destempero para manobras políticas (ele disse um dia que queria ter o comando da política e os seus ministros e secretários de Estado, secretárias destes, funcionárias de limpeza que agora se denominam técnicas de qualquer coisa, cumpririam o plano traçado por ele) não é a pessoa ideal para o cargo que ocupa. E é aqui que a porca torce o rabo. Costa falhou redondamente nos objectivos políticos e nesse afã de ser o primeiro do Governo, anulou todos os outros e, inclusive, a política tout court. Ana Sá Lopes que tanto o elogiou em crónicas anteriores, vem hoje afirmar “não é a oposição que ganha as eleições, (vírgula é minha) mas o Governo que as perde”. Isto num artigo intitulado “Para salvar o PS, (a vírgula é da ilustre jornalista) e de caminho salvar-se, António Costa, (vírgula volta a ser minha) deve sair” 

         - Ontem dia de fim do mundo. Numa aberta inscrita no início da manhã, fui ao mercado dos pequenos agricultores e o resto do dia agonizei de melancolia e tédio. Uma cortina incessante de água deixou-me à porta do desespero. Lá fora não se via um só pássaro; no caminho de terra batida nenhuma alma passou; o céu fechado à terra estendeu um imenso e tenebroso lençol escuro; o ruído da chuva nas janelas fazia medo. Gosto do campo, não me estafo de louvar a chegada a este recanto luminoso, mas em dias como aquele, se tivesse un pied à terre em Lisboa, era para lá que me despacharia. 

         - Esta manhã fui assistir à missa na igreja do costume, em Setúbal, em intenção  da Teresa Magalhães e do Sebastião Fortuna, ambos a passar por momentos difíceis. Ela a recuperar numa casa de repouso em Belas; ele no hospital de Setúbal. Desejo que Deus me tenha ouvido, porque estes meus afectuosos amigos dependem mais de Ele que da medicina.   

         - Continuo com profundo entusiasmo a leitura dos textos apócrifos. Entrei na História de José, o Carpinteiro. No capítulo anterior, li a Natividade de Maria. Todos os textos que compõem os chamados Evangelhos Apócrifos, são um conjunto de códices descobertos, em 1945, em Nag Hammadi, (Egipto), por mero acaso. O curioso é que hoje na missa a que assisti, o sacerdote falou da natividade de Maria e do nascimento de seu filho, Jesus. Como tinha na memória toda a história, talvez fosse melhor dizer, toda a epifania, pude acompanhar a sua argumentação que me pareceu interessante e erudita. Noutra altura falarei mais pormenorizadamente do que me empolga e amplia em conhecimento, sendo para já certo que estes textos acrescentam ao pouco que sabemos por Mateus, o Evangelista. Roma, decerto, deve ter contribuído para isso. Atente-se nesta frase do Evangelho de Maria (que a Quetzal justapôs na contra capa do livro): “Uma vez que nos explicaste tudo, diz-nos ainda isto: o que é o pecado do mundo? O Salvador disse: “Não existe pecado.” “