segunda-feira, agosto 30, 2021

Segunda, 30.

Os franceses não fazem a coisa por menos. Acabo de receber a informação que na próxima semana vão ser postos à venda não só um como dois volumes do Journal intégral de Julien Green, estes acrescidos do título Toute ma vie. São cerca de 2.800 páginas que terminam com o autor a fazer 50 anos de vida. Ora, como ele morre com 98, imagine-se o que nos falta conhecer. Green dizia em vida, que o seu diário na totalidade devia ter o dobro do texto. Eu admiro a força de trabalho que o habitou. Até aos derradeiros meses de vida, indiferente ao tempo, prosseguiu a sua obra como se tivesse ainda mais outros noventa para viver. E sempre muito criativo como prova o romance póstumo L´inconnu.



         - O futuro do Afeganistão está traçado: humilhação, sofrimento, morte. Para a maioria que não consegue fugir do país, espera-lhe um Estado bárbaro como aquele que o Antigo Testamento descreve. O cruel abandono dos EUA, em tempo de líder democrático, executando o plano de antigo Presidente, um homem analfabeto, orgulhoso, déspota, arrogante e megalómano, está à vista: em poucos dias vários rockets trocados entre o chamado estado islâmico e o Estado americano. Não se sabe quantos morreram nesta segunda guerra de cálculos de toda a ordem. Entretanto, 13 militares norte-americanos foram a enterrar. Morreram com vinte anos ao serviço dos interesses do seu Governo e das superpotências. 

         - Estive com o Fortuna – está por metade. Perguntei-lhe se estava doente, assim tão magro e reduzido fisicamente. “Não. São os nervos.” Serão. Porque o entusiasmo pelos projectos, embora empurrados com dificuldade, nunca o largam. O cérebro pensa rápido, a acção arrasta-se atrás. Os 87 revelam-se. 

         - Antecipando o Inverno e prevendo a saída para Paris em Outubro, comecei a carregar lenha para proteger debaixo do telheiro. É trabalho duro e demorado que terei de fazer aos bochechos. Esta manhã três carregos.