domingo, agosto 08, 2021

Domingo, 8. 

Acompanho três blogues, o de J. Rentes de Carvalho é um deles. O homem está lúcido e bem vivo e recomenda-se. 

         - O medo e o desassossego já está instalado em todo o Afeganistão. Os Taliban reinam sobre amplas províncias rurais e impõem de novo a sua sharia absurda e usurpadora das liberdades individuais e colectivas. As mulheres são quem mais sofre e os artistas que denunciam com o seu talento a chegada do terror. Assim o humorista Nazar Mohammad assassinado em Kandahar na semana passada; o escritor e historiador Abdullah Afiti na quarta-feira em sua casa. A Human Rights Watch denuncia mortes em série entre os que fizeram ou fazem parte das forças afegãs. Nos próximos tempos o mundo vai assistir à transformação de um país numa zona de sangue, humilhação e atentados aos direitos Humanos. O Ocidente, penso muitas vezes, vai ficando a única pátria de liberdade e progresso social. Por quanto tempo, não sei. Assim como sempre achei que a Igreja Católica, é o bastião civilizacional da fé e da solidariedade entre os homens, a mais tolerante de todas as religiões, na esteira do Amor que Jesus pregou no mundo. 

         - Agarram-se os homens à esperança numa vacina que erradique o SARS-Cov2. Contudo, o que vemos é diferentes mutações surgirem do nada e entre nós, mesmo os velhos vacinados morrem ou voltam a recidivar. Todos os dias o número de mortes é assustador, maior que em Janeiro e Fevereiro, mas a morte como tudo o resto entrando na rotina, deixa de lamentar. Quando conheço o número de falecidos sinto um bate no coração. Não me são indiferentes aqueles concidadãos que partem. Que partem?! Onde estão? Ausentaram-se por uns dias ou desapareceram definitivamente deixando um vazio enorme nas nossas vidas que continuam enquanto eles já cá não estão? Foram eles que nos abandonaram ou nós que os deixámos ir por aquele desfiladeiro sem fim onde quem entra não volta à superfície? O seu quotidiano interrompido por uma aflição de saúde ficou para trás, deixando intactos os lugares, os adereços, o próprio tempo, os odores da sua passagem nas quatro paredes do quarto, as obsidiantes memórias escritas nas fotos, nos objectos impregnados da história que lhes deu uma alma. De repente fica tudo tão gélido... Ninguém nos habituou a encarar aquele eterno despedimento; ninguém nos ensinou a seguir em frente sem aquele ou aquela que nos atraiçoou escolhendo outro caminho que não vem no mapa que nos orienta quando viajamos. Por momentos ainda achamos que vai voltar, que se perdeu num atalho, que hesitou numa curva, que se extasiou ante o pôr-do-sol. Mas os dias passam e ninguém nunca nos vem dizer onde está à parte o funeral onde ele ficou num pedaço de terra – ninguém o vê ou o viu alguma vez. Alguns levantam os olhos ao céu e acreditam que o viram, mas não têm a certeza se era ele ou era ela...