quinta-feira, agosto 05, 2021

Quinta, 5.

O conhecimento é antes de mais um estado permanente de curiosidade. Daí que, a propósito do programa do ARTE sobre Nero, tendo relido as 24 páginas de Suetónio em tradução do saudoso João Gaspar Simões (pena que a edição não diga de onde ele traduziu a obra) espreitando Tácito e  N. T. Wright, fui reler o que de Nero diz Tertuliano e, sobretudo, as imprescindíveis notas do tradutor João Carlos de Miranda. Aí esbarro com mais 15 longas observações que irei recordar nos próximos dias. Esta obra, foi editada por uma editora que infelizmente desapareceu, Alcalá, para a colecção Pkilokalia. Mais: há anos que procuro por todo o lado os outros dois títulos (julgo que são dois) do ilustre mestre em Ciências Patrísticas.  

         - Há dias, entrando no vasto elevador do Corte Inglês, vejo no topo do mesmo, um casal do tipo dondoca. Subimos três pessoas, portanto. De súbito, num andar qualquer aparecem três outros clientes para entrar, logo sacudidos pelo dondoco senhor. Digo aos que querem subir: “Entrem. - Não podem, só mais uma pessoa – ordena o piquete de serviço. É da lei. - Não exagere – respondo eu – pode ser da lei, mas nós devemos ter cabeça para pensar. De contrário, somos gado.” Não se ouviu uma mosca. Este género de pessoas, vive do faz-de-conta, da aparência, de sentido na riqueza que não quer nada com eles; são infelizes como ó caraças, pensam que enganam toda a gente, mas só se iludem a si mesmos. Vão morrer sem nunca terem esbarrado com a felicidade e, sobretudo, com a liberdade. Prisioneiros da mentira, com ela vão a sepultar. Passaram por aqui, mas ninguém deu por eles. São uns pobres idiotas. Imperam em chusmas nos países pobres, vivem regra geral a chular alguém com posses, e o que exibem é um pedaço de coisa nenhuma, uma máscara que esconde o rosto hipócrita.